O presidente francês Emmanuel Macron, que está em sua primeira visita ao Brasil, inaugurou, nesta quinta-feira (27), a filial do Institut Pasteur na Universidade de São Paulo (USP). Na sequência, o presidente francês seguiu para uma visita ao Liceu.
Macron, na cerimônia, lembrou a tradição francesa em pesquisas científicas e destacou a importância da presença do laboratório no Brasil.
O centro de pesquisas em saúde tem 2.000 metros quadrados e capacidade para receber até cem cientistas do Brasil e de outros países. O laboratório é o resultado de um acordo assinado dez anos atrás entre a USP e o Institut Pasteur da França.
O laboratório é o grande destaque da unidade. Com alto nível de segurança biológica, permite aos cientistas fazerem experimentos com vírus supercontagiosos. O que se espera é que as descobertas feitas nele ajudem a identificar, prevenir e tratar doenças graves.
O centro vai acompanhar o desenvolvimento de vírus que possam levar a novas pandemias e agilizar a produção de vacinas. Também vai trabalhar com doenças que afetam o sistema nervoso, como Alzheimer e Zika.
Paola Minoprio, diretora do Institut Pasteur no Brasil explica que o país foi escolhido por sua biodiversidade.
“Por várias razões. a primeira razão que eu penso que é a mais importante é o fato que o Brasil é um hotspot único de biodiversidade, ou seja, nós temos seis biomas diferentes. As doenças aqui , infecciosas ou não, variam de Norte a Sul, Leste a Oeste. Essa diversidade muito grande favorece também a gente ter um microbiolta diferente.”
Carlos Gilberto Carlotti Junior, reitor da USP, destaca a importância da parceria para a ciência brasileira.
“O Pasteur, além do Pasteur Paris, tem laboratórios ao redor do mundo, então nós estamos integrados nessa parceria a essa rede. Permite que nós tenhamos acesso a pesquisas de ponta, a termos material também mundial para podermos estudar, então isso traz um novo patamar de pesquisas na universidade.”
Pesquisas de ponta são raras no Brasil porque custam caro e exigem equipamentos sofisticados, nem sempre disponíveis.
A fundação centenária, dona de uma rede com mais de 30 unidades em 25 países, leva o nome de seu fundador. Louis Pasteur criou a primeira vacina contra a raiva e fez descobertas que revolucionaram a química e a medicina.
Visita ao Brasil
Mais cedo, o presidente francês esteve no 8º Fórum Econômico Brasil-França, na Fiesp, e chamou de "péssimo negócio" a proposta de acordo entre a União Europeia e o Mercosul.
"Como está negociado hoje, é um péssimo acordo, para vocês e para nós", disse Macron. “Não há nada que leve em consideração o tema da biodiversidade e do clima.”
"Vamos forjar um novo acordo à luz dos nossos objetivos e da realidade. Um acordo comercial que seja responsável pelo desenvolvimento, pelo clima e pela biodiversidade", continuou o presidente francês.
A visita de Macron ao Brasil também resultou no anúncio, na terça-feira (26), de um programa que pretende investir 1 bilhão de euros na bioeconomia da Amazônia brasileira e da Guiana Francesa, território ultramarino da França na América do Sul.
Os valores foram anunciados durante um encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente francês em Belém (PA), cidade que vai receber a cúpula do clima COP-30 no ano que vem.
Segundo uma declaração conjunta dos governos brasileiros e francês, o investimento será realizado nos próximos quatro anos e terá colaboração entre a Agência Francesa de Desenvolvimento e bancos públicos brasileiros. Além disso, há a previsão de investimento privado no projeto.