Uma equipe internacional de pesquisadores estudando os macacos-prego da Fazenda Matos , no estado brasileiro de Minas Gerais , descobriu que a espécie está produzindo ferramentas de pedra de forma não-intencional — uma evolução parecida com a que nossos ancestrais tiveram há cerca de 3,3 milhões de anos, conhecida popularmente como “ Idade da Pedra Lascada ”, ou Paleolítico.
O que é elo perdido?
Macacos vistos com ferramentas incrivelmente parecidas às de ancestrais humanos
O fato de que os símios chegaram nesse ponto e, principalmente, que são parentes consideravelmente distantes do nosso ramo no reino animal, é interessante não apenas para os macacos, mas para nós mesmos em especial. Para os cientistas, o fato de que a inovação ocorreu fora da África, onde nossos ancestrais hominídeos se tornaram humanos, também é muito intrigante.
Pedras lascadas e a evolução
Os pequenos macacos do estudo são os Sapajus xanthosternos , ou macacos-pregos-do-peito-amarelo , que costumam usar pedras como martelos para esmagar sementes e frutos secos contra pedras maiores, usadas como bigornas.
Tomos Proffit e Lydia Luncz, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva , lideraram a pesquisa, junto aos brasileiros PaulaMedeiros e Waldney Martins, da Universidade Estadual de Montes Claros
O pulo do gato da análise está na criação não intencional das pedras lascadas . Sua produção, na história humana, é vista pela ciência como um importante marco da evolução , quando nossa mente teria ficado mais sofisticada — um salto evolutivo teria sido necessário para mudar o ato, passando a criar as pedras lascadas intencionalmente para uso em outras atividades.
As lascas que os macacos-prego deixam são parecidas com as que outras espécies, como os macacos-caranguejeiros Macaca fascicularis ) da Tailândia, produzem, também sem intencionalidade . Isso coloca em cheque a produção de ferramentas líticas pelos nossos ancestrais, já que mostra que nem todas as pedras lascadas são feitas intencionalmente.
Na Serra da Capivara piauiense, pedras lascadas também foram encontradas , consideradas evidências da presença de humanos no local há 10.000 anos.
Como agora sabemos que símios também conseguem produzi -las, mesmo sem querer, essa noção está sendo desafiada. O estudo abre veredas para investigação das raízes evolutivas do ser humano, e mostra que, no final das contas, podemos não ser tão especiais quanto pensávamos