Segundo o Palácio do Itamaraty, o objetivo é que Lula apresente a Macron a complexidade da questão amazônica e as possíveis alternativas de desenvolvimento econômico sustentável
Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente francês, Emmanuel Macron, chega a Belém nesta terça-feira (26), onde será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao longo dos próximos dias, eles terão uma agenda bilateral abrangente, abordando temas como meio ambiente, defesa e reforma dos organismos multilaterais.
Em sua primeira visita oficial ao Brasil, o presidente francês, Emmanuel Macron, chega a Belém nesta terça-feira (26), onde será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao longo dos próximos dias, eles terão uma agenda bilateral abrangente, abordando temas como meio ambiente, defesa e reforma dos organismos multilaterais.
Em Belém, os dois presidentes se reúnem por volta das 15h30 desta terça-feira e partem em um barco da Marinha em direção à Ilha do Combu, localizada na margem sul do Rio Guamá. Lá, irão conhecer a produção artesanal e sustentável de cacau em uma região de floresta. Segundo o Palácio do Itamaraty, o objetivo é que Lula apresente a Macron a complexidade da questão amazônica e as possíveis alternativas de desenvolvimento econômico sustentável. Além disso, o presidente brasileiro deseja mostrar ao líder francês que a Amazônia não é apenas uma vasta área florestal, mas também um local habitado por uma imensa população de cerca de 25 milhões de pessoas, que depende da floresta para sua subsistência. Durante a visita, está previsto um encontro privado com representantes indígenas, onde o presidente francês entregará uma condecoração ao líder indígena da etnia Kayapó e defensor mundial da causa indígena, Raoni Metuktire.
Submarino
De Belém, Lula e Macron seguirão para o Rio de Janeiro ainda hoje, onde passarão a noite. Na quarta-feira (27), partirão de helicóptero do Forte de Copacabana para o município de Itaguaí (RJ), onde participarão da cerimônia de inauguração do terceiro submarino construído no Complexo Naval da Marinha, como parte do Programa de Submarinos, resultado de um acordo de cooperação entre os governos do Brasil e da França. O programa prevê a construção de cinco submarinos no total, sendo o último equipado com propulsão nuclear, com previsão de entrega em alguns anos. Além de discutir a continuidade da parceria, Lula e Macron abordarão um programa para a produção de helicópteros militares e o uso civil da energia nuclear.
Reunião
Após as atividades no Rio, o presidente Lula retorna a Brasília, enquanto Macron segue para São Paulo, onde dará continuidade à sua visita ao Brasil. Na capital paulista, o presidente francês participará do Fórum Econômico Brasil-França, ainda na quarta-feira (27), na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Estarão presentes cerca de 50 empresários franceses.
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Em 2023, o comércio entre os dois países totalizou US$ 8,4 bilhões, com US$ 2,9 bilhões em exportações brasileiras e US$ 5,5 bilhões em importações. As exportações brasileiras para a França incluem principalmente farelo de soja, óleos brutos, petróleo, celulose e minério de ferro. Já os principais produtos importados pelo Brasil da França são motores, máquinas, aeronaves e produtos da indústria de transformação.
De acordo com dados do Banco Central, a França se destaca como o terceiro maior investidor no Brasil, com um montante superior a US$ 38 bilhões. Além disso, aproximadamente 860 empresas francesas operam no país, contribuindo para a geração de 500 mil empregos. No encontro empresarial, está prevista a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin.
Após o evento empresarial, Macron participará de um jantar com artistas e personalidades da cultura Brasileira, incluindo o renomado cantor e compositor Chico Buarque. Não está descartada a possibilidade de o presidente francês fazer uma caminhada pela Avenida Paulista e visitar o Masp (Museu de Arte de São Paulo). A agenda também inclui um encontro com membros da comunidade francesa no Brasil e a inauguração de uma unidade do laboratório Pasteur na USP (Universidade de São Paulo). Macron permanecerá na capital paulista durante a noite de quarta-feira e, no dia seguinte, seguirá para a última etapa de sua viagem, que será visita de Estado a Brasília.
Na capital federal, Macron receberá honras de chefe de Estado e se encontrará com Lula no Palácio do Planalto. O encontro abordará questões bilaterais, globais e culturais, especialmente porque 2025 marca os 200 anos de relações diplomáticas entre os dois países. Temas como a reforma das instituições multilaterais, incluindo o assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, bem como as crises na Ucrânia e em Gaza, devem ser discutidos.
A situação política na Venezuela e a crise humanitária no Haiti também estão na pauta da reunião. Estima-se que cerca de 30 acordos serão assinados por Lula e Macron em várias áreas. Após essa fase da reunião, ambos os presidentes farão uma declaração à imprensa, seguida de um almoço no Palácio do Itamaraty.
Emmanuel Macron ainda está programado para ser recebido no Congresso Nacional pelos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
Mercosul
Durante a visita de Macron, um assunto delicado entre Brasil e França, que provavelmente será evitado, é o das negociações em torno do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Isso ocorre porque o presidente francês expressou sua oposição ao fechamento do acordo no final do ano passado.
“A questão não está na pauta desta visita. Houve uma interrupção nas negociações devido às eleições no Parlamento Europeu. O foco está na relação estratégica bilateral entre esses dois países. O objetivo é ressaltar as convergências, não as divergências”, destacou a embaixadora Maria Luísa Escorel do Itamaraty.