O presidente Lula (PT) afirmou na quinta-feira (27) que demitiu Nísia Trindade do Ministério da Saúde por querer “mais agressividade” e disse que precisará fazer outras mudanças em seu governo.
“Nísia era uma companheira da mais alta qualidade, minha amiga pessoal, mas eu estou precisando de um pouco mais de agressividade, mais agilidade, mais rapidez, por isso estou fazendo algumas trocas”, disse em entrevista ao programa Balanço Geral Litoral (SP), da Record.
O presidente também confirmou a intenção de anunciar as próximas mudanças na Esplanada após o Carnaval e voltou a dizer que só comunicará os nomes dos novos indicados após conversar com seus escolhidos.
“Não quero que a pessoa saiba que vai ser ministro pela Record. Vou ter que fazer reforma, mexer no governo, mas com muito cuidado, como técnico de futebol”, disse.
“Espero que depois do Carnaval, eu conclua quem eu quero mudar. Porque não é só escolher quem você tira. É escolher quem vai entrar. Porque se você coloca um jogador que vai jogar menos que o que saiu, você errou”, completou.
Questionado, Lula também disse não saber quantas mudanças fará. Com a troca de Nísia Trindade por Alexandre Padilha, na Saúde, o presidente deu início às movimentações de sua reforma ministerial.
Outros nomes estão em alerta dentro da gestão com possíveis chances de trocas em suas respectivas pastas. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, é a principal cotada para assumir a vaga das Relações Institucionais.
Na tarde de quarta (26), Lula havia afirmado que já tem seu escolhido para o cargo, mas que não falaria até conversar com a pessoa.
Ainda na entrevista desta quinta, o presidente afirmou ter “aprendido” que não se deve colocar no governo alguém que não se pode tirar.
A demissão de Nísia foi oficializada na noite de terça (25), dias após o presidente ter dito a aliados que substituiria a socióloga pelo então ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Horas antes, Nísia ainda anunciou no Palácio do Planalto, ao lado de Lula, um acordo para a produção de 60 milhões de doses anuais da vacina contra a dengue pelo Instituto Butantan, evento em que foi aplaudida e ovacionada pela plateia, em meio à perspectiva da decisão do presidente.
Lula saiu do evento sem discursar, e a demissão da ministra não foi mencionada.
O comunicado oficial do Planalto informando sua saída só foi feito à noite, depois de uma reunião breve entre Lula e a então ministra.
No início de fevereiro, o presidente afirmou não ter pressa em fazer nenhuma mudança em seu governo, momento em que também elogiou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, um dos nomes que têm sido lembrado na bolsa de apostas para deixar o governo.
No desenho à mesa de Lula, também está a proposta de acomodação dos ex-presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Com as passagem de bastão dos dois chefes do Congresso para Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), há expectativa de que os dois ex-presidentes ocupem algum ministério.
Lula, no entanto, já afirmou que seu objetivo para Pacheco é de que o ex-presidente do Senado assuma o governo de Minas Gerais.