Novamente o governo Lula não cumpriu seu papel de garantir a vacina contra dengue para toda a população, fato que não ocorreu ainda desde que Lula assumiu a presidência em 2023. O centro bioindustrial do Instituto Butantan, de São Paulo, anunciou nesta terça-feira (22) que iniciou a produção dos imunizantes contra a dengue. Apesar da iniciativa, a população brasileira não será vacinada em massa contra a dengue neste ano.
O problema é a fabricação da vacina Butantan-DV ganhar escala de produção para chegar a uma centena de milhões. “O Butantan está produzindo, mas não há previsão de uma vacinação em massa neste ano de 2025, isso é muito importante colocar, independente da Anvisa, porque é preciso ter escala nessa produção”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
A previsão do Butantan, divulgada em dezembro, é de fornecer um milhão de doses neste ano; e totalizar a entrega de 100 milhões de doses em 2027.
A entrega das doses só poderá ocorrer após a liberação da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que analisa no momento os documentos apresentados sobre os imunizantes. Posteriormente, a vacina deverá ser submetida à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) para incorporação no programa de imunização.
A Butantan-DV será uma vacina em dose única. Segundo a ministra, os estudos clínicos apontam “uma excelente eficácia”, mas enquanto não está disponível na escala desejada é necessário reiterar e manter os cuidados orientados pelo Ministério da Saúde contra o mosquito Aedes aegypti.
Nesta quarta-feira (22) à tarde, em Brasília, a ministra Nísia Trindade se reúniu com representantes de conselhos, da sociedade civil, instituições de saúde, associações e especialistas para discutir e alinhar estratégias de controle da dengue e outras arboviroses.
Na próxima semana, antes da volta das aulas nas escolas públicas, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação vão retomar iniciativas do programa Saúde na Escola, presente em 96% dos municípios brasileiros, para ter as escolas como espaços livre da dengue.
Entre as medidas, além da informação e mobilização das comunidades dentro e ao redor dos colégios, está prevista a borrifação nos prédios escolares de um inseticida com ação prolongada contra o Aedes aegypti.
Mortes por dengue superaram as por Covid-19 em 2024, segundo Ministério da Saúde
Os óbitos por dengue no Brasil em 2024 ultrapassaram os causados pela Covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde. Ao menos 6.103 pessoas morreram devido à dengue, enquanto a Covid-19 foi responsável por 5.959 óbitos. As mortes por dengue podem ser maiores, visto que 761 estão em investigação.
A quantidade de mortes por dengue no ano passado teve uma alta de 417% na comparação com 2023, quando a doença matou 1.179 pessoas. O número de casos prováveis deu um salto de 302%, passando de 1.649.146 para 6.629.595.
Dados de 2024
Em 2024, a dengue afetou 3.118 em cada 100 mil habitantes do país, sobretudo mulheres, que responderam por 55% dos registros, enquanto os homens responderam por 45%. Em relação à raça/cor, 41,7% das pessoas infectadas eram brancas; 35%, pardos; 5,1%, pretos; e 1,1%, amarelos. A faixa etária com mais casos foi a de 20 a 29 anos, com pelo menos 1.216.951 registros, seguida pelas faixas de 30 a 39 anos (pelo menos 1.071.419) e 40 a 49 anos (pelo menos 1.006.119).
O estado de São Paulo liderou em número absoluto de casos prováveis, com ao menos 2.180.200 registros, seguido por Minas Gerais (1.689.713) e Paraná (652.564). No entanto, o Distrito Federal teve o maior coeficiente de incidência, com 9.338,2 casos por 100 mil habitantes, à frente de Minas Gerais (7.924,5) e Paraná (5.518,7).
Projeções para 2025
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, alertou sobre uma provável alta de casos de dengue em 2025 nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. Ela destacou que o fenômeno El Niño, que deve continuar neste ano, pode agravar as condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito transmissor.
Outro fator preocupante é o aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue (DENV-3), com maior incidência esperada em São Paulo. Essa variante, que havia deixado de circular em larga escala desde os anos 2000, pode sobrecarregar o sistema imunológico da população, aumentando os casos graves.
Desde o início deste ano, já foram registrados ao menos 93.555 casos prováveis de dengue no país, com a confirmação de 11 mortes pela doença. Outros 104 óbitos estão em investigação. Os dados foram atualizados pelo Ministério da Saúde nessa terça-feira (21).
Expansão do sorotipo DENV-3
O Ministério da Saúde informou que, no segundo semestre de 2024, houve uma expansão significativa da circulação do sorotipo DENV-3, especialmente nas últimas semanas do ano. Esse sorotipo representa uma ameaça devido à baixa imunidade populacional, que pode resultar em um aumento exponencial de casos e sobrecarga dos sistemas de saúde.
Os estados com maior proporção de casos de DENV-3 foram: Amapá (31,8%), São Paulo (28,7%) e Minas Gerais (18,2%). Outros estados com circulação significativa incluem Paraná, Roraima, Pará e Pernambuco.