O lançamento do livro "Velhas Fazendas - arquitetura e cotidiano nos Campos de Araraquara: 1830-1930", do arquiteto Vladimir Benincasa, será feito nesta segunda-feira (26 a partir das 19 horas, na sede da Fundação Pró-Memória de São Carlos (a antiga Estação Ferroviária, à Praça Antonio Prado), anuncia Ana Lúcia Cerávolo, diretora presidente da instituição, dirigindo um convite à comunidade para participar do evento, que começa com uma breve palestra sobre o tema a cargo do autor.
Ana Lúcia Cerávolo acrescenta que o encaminhamento desta obra para publicação faz parte dos objetivos da Fundação Pró-Memória, que compreendem a divulgação do patrimônio histórico e cultural do Município.
A obra acompanha um século da história da arquitetura rural do ciclo do café na região central do Estado de São Paulo, conhecida no passado pelas denominações "Campos de Araraquara" ou "Sertões de Araraquara". O livro analisa também o dia-a-dia das pessoas que participaram desse processo histórico, tanto os fazendeiros quanto os trabalhadores - escravos e colonos -, evidenciando a intrínseca relação existente entre a arquitetura e o modo de vida daqueles que construíram a história da região no período estudado.
A obra é iniciada com informações sobre as origens do café, sua introdução no Brasil e no Estado de São Paulo, onde tornou-se o principal produto da economia do País, e depois aborda a arquitetura e o cotidiano da utilização das construções que compõem as fazendas cafeeiras: as edificações de beneficiamento (terreiro, tulha e casa de máquinas) e as habitações (casa grande, senzala e colônia).
O LIVRO
Com tiragem de 3 mil exemplares, o livro tem o formato 25 cm x 25 cm, 403 páginas em papel couchê fosco e mais de 400 ilustrações, muitas delas coloridas, e no lançamento será vendido com 20% de desconto.
Para o diretor da EdUFS-Car, OswaldoTruzzi, um estudioso de temas envolvendo a história regional, "este é o livro mais bem editado dentre os mais de cem títulos publicados até hoje pela Editora".
Ele acrescenta que "é uma alegria poder oferecer ao público essa obra, que nos foi encaminhada pela Fundação Pró-Memória, sobretudo porque trata de um tema que diz respeito à história regional e que tem, nesta edição, uma apresentação primorosa, seja pelo formato, pela qualidade do papel e pelo grande número de ilustrações, que têm uma função didática insubstituível".
Oswaldo Truzzi ressalta que "a edição não seria viável sem o valioso apoio da Imprensa Oficial do Estado, que compreendeu que a obra, além da sua importância para a cidade de São Carlos e a região, tem grande valor para os interessados na história da arquitetura de todo o País".
VLADIMIR BENINCASA
Com 37 anos, nascido em Catanduva e criado em Araraquara, Vladimir Benincasa radicou-se em São Carlos desde 1985,quando ingressou no curso de Arquitetura da Escola de Engenharia de São Carlos, da Universidade de São Paulo, graduando-se em 1989, na primeira turma do curso.
Sua dissertação de mestrado - que deu origem ao livro agora editado -, orientada por Maria Angela Bortolucci e que teve apoio da Fapesp. Capes e CNPq, foi defendida em 1998, um produto de seis anos de intensa pesquisa e de inúmeras visitas a 46 propriedades situadas em nove cidades da região: Araraquara (4 fazendas), Corumbataí (1), Dourado (4), Ibaté (4), Itirapina (2), Ribeirão Bonito (4), Rincão (1), Santa Lúcia (4) e São Carlos (22).
Vladimir Benincasa recorda que já durante o curso de Arquitetura, com uma bolsa de iniciação científica, realizou um levantamento de sete antigas fazendas são-carlenses. Esse tema esteve muito presente para ele desde a primeira infância, pois o pai, Olympio Benincasa, ferroviário, e a mãe, Aldesir Magrini Benincasa, que tinha trabalhado em fazendas de café, conversavam habitualmente com a família sobre as antigas fazendas da região.
Através do livro é possível compreender o funcionamento das antigas fazendas de café e as relações de seus moradores, antes e depois da chegada da ferrovia à região.
O arquiteto observou que antes da ferrovia as sedes das fazendas são simples, sem adornos significativos. Já com a chegada da ferrovia, começa a importação de vários materiais de construção, como gradis de ferro ingleses, telhas francesas, azulejos, mármores italianos, além de lustres e mobiliário, refletindo o período de enriquecimento dos fazendeiros.
O livro registra ainda a grande transformação ocorrida, ao longo de cem anos, nas técnicas de beneficiamento do café.
Notícia
A Folha (São Carlos, SP)