Uma pesquisa inédita realizada por cientistas do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostrou que todo o litoral brasileiro já vem sendo impactado pelas mudanças climáticas. Principalmente no Sul e Sudeste, extremos de temperatura e variações térmicas mais frequentes são alguns dos efeitos que vêm ocorrendo nas regiões.
Com resultados publicados na revista Nature Scientific Reports, o estudo dos brasileiros utilizou séries históricas de 40 anos de dados em cinco estados do país. No Espírito Santo, Rio Grande do Sul e São Paulo, o aumento de ocorrências diárias de extremos de temperatura e de ondas de calor — quando as altas temperaturas duram vários dias seguidos — foi de 188%, 100% e 84%, respectivamente, tornando-os os mais atingidos dentre os selecionados.
Os pesquisadores afirmam que, além de sentirmos na pele esses efeitos, eles trazem consequências em várias dimensões. Ondas de calor e frio podem ocasionar alterações fisiológicas e comportamentais em diversas espécies, enquanto extremos de temperatura são capazes de causar a mortalidade de plantas e animais. “Os resultados mostram que as regiões Sudeste e Sul já enfrentam impactos da temperatura do ar que podem afetar não só a biodiversidade, como até mesmo a economia,” afirma Fábio Henrique Carretero Sanches, primeiro autor da pesquisa.
O artigo também levanta a relação com a saúde pública, devido à associação da variação da temperatura com diferentes doenças respiratórias. Ronaldo Christofoletti, também envolvido no estudo, diz que os impactos “vão desde o desconforto térmico até o crescimento de incêndios florestais, problemas de saúde e da mortalidade de animais, plantas e dos seres humanos, especialmente idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade.” Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 15 mil pessoas morreram na Europa em 2022 por conta de ondas de calor.
fenômenos como tempestades e secas prolongadas.