Estive no Equador recentemente a convite do Conatel - Consejo Nacional de Telecomunicaciones - para falar de e-Gov no Brasil. Eles estavam lançando a Fatura Eletrônica (e-billing) como um dos passos de sua iniciativa de colocar o Equador dentro da economia digital. A iniciativa é fabulosa.
Alguns dados de um dos convidados europeus, Florêncio Dias: na Espanha a Telefônica gastava 7,5 milhões de euros por mês para enviar a fatura em papel para seus clientes. Isso representava mais do que o lucro dela! Agora decidiu enviar todas suas futuras de forma eletrônica. se o cliente não quiser, não há problema, deixa de ser cliente! As companhias aéreas estão cobrando 70 dólares para os clientes que quiserem sua passagem em papel no caso das viagens internacionais e 30 dólares para as nacionais. Mais do que isso, a companhia elétrica da Espanha consome 4.000 árvores por ano para faturar! Um argumento de peso, não? O Equador está assumindo esse desafio e pretende, a partir do terceiro trimestre, ter boa parte de seu faturamento circulando exclusivamente de forma eletrônica.
Outra novidade é que serão implementados sistemas de e-procurement para os governos latino-americanos. Os testes piloto são os primeiros contratos fechados pela brasileira Vesta, após a empresa ter assinado um acordo com a Organização dos Estados Americanos (OEA) em dezembro do ano passado, que permitiu a companhia participar de projetos de e-Gov financiados com empréstimos do OEA. Como parte dos requerimentos de empréstimo, a OEA obriga os governos a implementar ferramentas por intermédio do meio eletrônico para combater a corrupção e aumentar sua transparência e responsabilidade fiscal.
Agora, o mais importante para nós: algo que já sabemos mas nunca é demais afirmá-lo: o Brasil é líder indiscutível na questão do governo eletrônico. não só nos países emergentes, mas talvez no mundo. Ninguém faz isso tão bem como o Brasil. No processamento de impostos, somos os únicos que processamos praticamente 100% do IR dessa forma, a maior parte do IPVA no Estado de São Paulo c no processo de compras eletrônicas no governo. Isso tem de nos servir para exportar essas tecnologias. gerando renda e empregos, novas oportunidades de negócio e diversificação da pauta de exportações. No Equador ficou claro que o espaço está virgem para ser explorado por quem sabe do assunto. Depende de nós aproveitá-lo.
Florencia Ferrer é doutora em sociologia econômica pela USP, pesquisadora da FAPESP e consultora em implementação social da tecnologia
florencia.ferrer@terra.com.br
Notícia
B2B Magazine