No entanto, as sanções e os pagamentos relacionados a infrações de leis ambientais tiveram uma considerável redução.
Os índices de emissão de dióxido de carbono (CO2) na região amazônica apresentaram um aumento de 122% em 2020 quando comparados à média do período de 2010 a 2018. Essa constatação foi feita pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em colaboração com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e foi divulgada nesta quarta-feira (23/8). De acordo com essas instituições, esse crescimento está associado ao aumento das taxas de desmatamento, incêndios florestais e diminuição na aplicação das regulamentações ambientais na área.
Os pesquisadores coletaram amostras de CO2 em 742 voos realizados com uma aeronave de pequeno porte em quatro localidades da Amazônia, e posteriormente analisaram essas amostras em laboratório no Inpe. Os mapas gerados pelo instituto compararam a emissão de carbono, o desmatamento e os incêndios nos anos de 2019 e 2020, em relação à média do período entre 2010 e 2018.
Os resultados demonstram um aumento de 89% nas emissões de CO2 em 2019 e de 122% em 2020. Quanto ao desmatamento, houve um aumento de 82% em 2019 e de 77% em 2020. A área devastada por incêndios também aumentou, em 14% em 2019 e 42% em 2020.
Entretanto, em contraste com os dados mencionados, observou-se uma diminuição significativa nas multas e nos pagamentos relacionados a infrações ambientais. Em 2019, as multas reduziram em 30%, e os pagadores diminuíram em 74%. Já em 2020, as multas diminuíram em 54% e os pagadores em 89%. A comparação também foi feita com a média entre 2010 e 2018.
Os dados indicam também que os níveis de emissões observados entre 2019 e 2020 são similares aos registrados em 2015 e 2016, quando o fenômeno El Niño causou situações climáticas extremas na região. Luciana Gatti, pesquisadora do Inpe, explica que durante o El Niño, as emissões de CO2 aumentaram devido à seca intensa, causando mais incêndios florestais e perda de parte da floresta.
A especialista reforça que não houve nenhuma razão climática entre 2019 e 2020 que justificasse um aumento tão significativo nas emissões de gases, no desmatamento e nos incêndios. A exportação de madeira na Amazônia também teve um aumento de quase 700% no mesmo período, assim como a área de cultivo de soja (68%), milho (58%) e o rebanho bovino (14%) na região. Gatti conclui afirmando que estão trabalhando para que o governo assuma o compromisso de zerar o desmatamento antes de 2030 e reflorestar áreas críticas para preservar a Amazônia de atingir um ponto irreversível.