Personagem foi baleado e, quando caiu em rio, foi atacado por cardume. Pesquisador explica como seria a cena fora da novelaLevi, personagem interpretado por Leandro Lima, morreu em 'Pantanal' no capítulo exibido nesta segunda-feira, 13. A morte foi cruel: após ser baleado, ele sai em fuga de barco e cai no rio, sendo atacado segundos depois por um cardume de piranhas, que o devora.
O fim trágico foi trabalhoso para a Globo, envolvendo mais de 40 profissionais e dublê.
Mas, para além dos efeitos especiais e da morte dramática, Levi seria morto da mesma forma na vida real?
Para responder à pergunta, o Terra consultou o professor e pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Vidal Haddad Junior, que estudou ataques de piranhas a banhistas no interior de São Paulo. Ele é categórico: "Não é impossível, mas é improvável", e explica as razões:
"O papel das piranhas é o de limpeza. São decompositores, comem o que já está morto e que vai para o fundo", diz. Além disso, as piranhas não têm o costume de andar em grandes cardumes. "Apenas em momentos de seca elas tendem a se agrupar mais, como forma de se proteger de predadores".
Para a cena de Levi acontecer na vida real, então, seria preciso uma série de condições específicas. "Se houver um grande cardume, se a vítima estiver sangrando e se estiver agitada, até pode acontecer. Mas é um cenário muito específico", comenta.
Haddad diz, ainda, que não há nenhum caso conhecido na literatura médica de morte por ataque de piranhas.
Além disso, um artigo publicado pela revista científica da Fapesp aponta que a maioria dos ataques registrados a humanos é feito como mecanismo de defesa, e não de alimentação. "Piranhas não são tão agressivas como se imagina e, em geral, atacam em defesa da prole", aponta o texto.
O artigo é produzido por Haddad com Ivan Sazima, especialista no comportamento de peixes que, desde a década de 1980, estuda os hábitos das piranhas como parte de um projeto temático coordenado pelo também autor Mareio Roberto Costa Martins, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).
Conforme o estudo, os ferimentos causados pelas piranhas são menos graves que os provocados pelo ferrão de peixes como a arraia, por exemplo. O ataque, geralmente, consiste em poucas mordidas, com o objetivo de afastar o invasor da área onde os ovos da piranha foram depositados.
(Foto: Popline)
(Foto: Arquivo pessoal/Vidal Haddad Junior)