Soube que 40% dos doutores em economia do MIT trabalham no governo ou instituições privadas e mais de 60% dos PHD de tecnologia não estão nas Universidades
Mensagem de Aloísio Leoni Schmid, da Enap, Brasília:
Feliz e oportuno artigo, parabéns aos autores e ao JC por reproduzi-lo. Conheço doutores em postos-chave. Mas os doutores contrariam a lógica pouco meritocrática do Governo Federal, em que milhares de cargos de livre provimento são destinados a pessoas de confiança, antes que aos cidadãos mais capazes.
Amigos, na maioria dos casos, são quando muito generalistas. Pretere-se funcionários de carreira que, além de dominarem aspectos fundamentais da máquina pública, por alguma felicidade detêm formação específica em nível de doutorado.
Constatei num importante Ministério a existência de uma rede informal de consultores, antigos detentores de cargos, que se defendem mutuamente ao longo de gestões.
Publicam estudos pouco originais, em parte já divulgados nos nichos acadêmicos, e raramente lidos. Transitando habilmente pelo espectro que vai do PFL até à ala mais radical do PT, perpetuam-se pessoas em parte sem expressiva qualificação acadêmica ou profissional em funções-chave. Tal ministério mais parece um despachante.
Soube que 40% dos doutores em economia do MIT trabalham no governo ou instituições privadas e mais de 60% dos PHD de tecnologia não estão nas Universidades.
Infelizmente, 'doutores' não falta no Executivo. São pessoas que gostam de um tal tratamento e, quando topam com um doutor de verdade, não perdem a oportunidade de desdenhar o conhecimento acadêmico - a que não tiveram chance, ou capacidade - em favor daquelas conhecidas vantagens como, no exemplo de um setor de Infra-estrutura, 'anos de experiência', 'obras feitas', 'm³ deslocados'.
A prática é fundamental, mas sem o conhecimento, um tal Ministério se torna um despachante. Termina uma agência terceirizadora de estudos, não raro de pouquíssima originalidade, que pouco mudam a realidade do país.
Por que não aproveitamos a chance para uma expressiva campanha em favor do correto uso do título de doutor — não para celebrar quem afortunadamente (diante da massa ignorante) é doutor, mas para mostrar que não basta vestir gravata e falar empostado.
JC e-mail 2535, de 31 de Maio de 2004.
Notícia
Jornal da Ciência online