Pesquisa realizada pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) em parceria com a USP está testando o Leite Funcional. O novo produto mantém todos os nutrientes do velho e conhecido alimento, mas enriquecido com o dobro de selênio e vitamina E, além de melhor composição da gordura. Para isso, numa primeira etapa, os pesquisadores inseriram na dieta animal o selênio e a vitamina E, junto com óleo de girassol. As substâncias foram acrescidas ao leite extraído dessas vacas e o perfil de ácidos graxos foi modificado.
O leite produzido foi ofertado a 90 crianças, com idade de sete a 10 anos, da cidade de Casa Branca, em São Paulo, durante três meses. Os testes ainda estão em andamento, mas as crianças que tomaram o leite funcional apresentaram maior concentração das substâncias e do bom colesterol no sangue.
Uma segunda fase dos trabalhos testa agora o produto em 130 idosos da Casa do Vovô e da Amizade, de Ribeirão Preto. O estudo começou em setembro de 2012 e deve ser finalizado no início de dezembro deste ano. Os testes em Ribeirão Preto são coordenados por Karina Pfrimer, pesquisadora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.
Antioxidantes e ácidos graxos poliinsaturados
O estudo, que une avaliação zootécnica com análise da saúde humana em um mesmo experimento, é inédito no País. O selênio e a vitamina E são antioxidantes que desaceleram o envelhecimento das células, podendo reduzir as chances de desenvolvimento do câncer. O óleo de girassol é considerado saudável, por apresentar alto teor de ácidos graxos poliinsaturados, o que pode ser útil na redução dos níveis de colesterol no sangue.
No programa de pesquisa do Leite Funcional são realizados estudos de zootecnia, nutrição e saúde humana com o objetivo de modificar a composição do leite por meio da alimentação da vaca para que o alimento favoreça a saúde e o crescimento dos seres humanos.
O leite de vaca, um dos principais alimentos na nutrição humana, fornece proteína, lactose, gordura, vitaminas e minerais. Dentre os minerais, o cálcio é o mais importante, sendo responsável pelo crescimento, desenvolvimento e manutenção dos ossos e dentes.
Contudo, como o leite bovino naturalmente existe para suprir necessidades nutricionais dos bezerros, as pesquisas trabalham para modificá-lo para ficar mais interessante à nutrição humana. Assim, os pesquisadores introduziram na alimentação das vacas o dobro da quantidade normalmente exigida de selênio e vitamina E.
Laboratório de Qualidade do Leite
Intensificando os trabalhos, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo acaba de inaugurar em Ribeirão Preto o Laboratório de Qualidade do Leite (APTALAC), que fará as análises de composição, físico-químicas e microbiológicas do leite dos produtores rurais da região e condutividade do leite de diversas raças de gado. Foi construído com recursos da APTA e os equipamentos, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O prédio está localizado no Polo Regional Centro Leste da Secretaria da Agricultura do Estado, localizado na Av. Bandeirantes, 2419.
Os pesquisadores garantem que, além de melhorar a qualidade do leite para o consumo humano, a alimentação enriquecida ajuda também na saúde e nutrição das vacas, com a diminuição da ocorrência da mastite subclínica e o aumento de 30% da produção de leite.
Os estudos com leite funcional da APTA são feitos em parceria com a Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da /USP.
Mais informações: (16) 3602-2406 ou email karinapfrimer@hotmail.com, com a pesquisadora Karina Pfrimer
De Ribeirão Preto
Fonte: Agência USP