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Leite funcional: projeto integra pesquisas (1 notícias)

Publicado em 06 de janeiro de 2011

Você já imaginou poder tomar um leite que contenha componentes capazes de melhorar sua saúde, além de possuir os nutrientes importantes à nutrição? Comer uma manteiga e um queijo com uma composição mais saudável? Oferecer ao seu filho um iogurte que auxilie o crescimento e aumente a resistência às doenças?

Pesquisadores do Polo Centro Leste/APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e da Universidade de São Paulo (USP) trabalham em parceria para que isto aconteça num programa de pesquisa chamado Leite Funcional. Este programa, desenvolvido em Ribeirão Preto, realiza estudos de zootecnia e de nutrição e saúde humana com o principal objetivo de modificar a composição do leite através da alimentação da vaca para que este possua melhor composição que favoreça a saúde e/ou o crescimento de humanos, diz a pesquisadora Márcia Saladini Vieira Salles, do Polo Centro Leste.

O leite de vaca é um dos alimentos mais importante na nutrição humana por fornecer quantidades apreciáveis de nutrientes fundamentais para o nosso organismo, reconhece Salles. Porém, ela aponta que a composição básica do leite bovino é direcionada para suprir as necessidades nutricionais dos bezerros. Essa composição pode ser modificada por meio de mudanças na alimentação das vacas, de modo a tornar o leite um alimento muito mais interessante para a nutrição humana.

Experimentos

O primeiro experimento foi realizado no final de 2009 na Fazenda Experimental de Zootecnia do Polo Centro Leste, com apoio financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (FAPESP). As vacas leiteiras foram alimentadas com dieta adicionada de óleo vegetal, selênio e vitamina E.

O óleo vegetal foi incluído para alterar o perfil dos ácidos graxos do leite a fim de que este contenha gordura mais saudável para o nosso organismo, explica a pesquisadora. Já o selênio e a vitamina E agem como antioxidantes, protegendo as membranas celulares contra substâncias tóxicas e radicais livres que podem causar sérios danos às estruturas das células, acelerando o processo de envelhecimento e desencadeando algumas formas de carcinogênese.

O leite produzido no experimento foi consumido por crianças do ensino integral público da cidade de Casa Branca (SP), que tiveram o crescimento e parâmetros bioquímicos no sangue avaliados. Dos resultados obtidos até agora, os pesquisadores observaram que a inclusão de óleo de girassol com adição de selênio orgânico e vitamina E trouxe efeitos benéficos para saúde da glândula mamária, contribuiu para menor incidência de mastite subclínica, maior média de produção de leite e menor teor de gordura no leite. Foram verificados aumentos nas concentrações de selênio e vitamina E no sangue, assim como aumento destes no leite de vacas.

As crianças que tomaram o leite funcional apresentaram maior concentração de vitamina E, de selênio e de colesterol no sangue, mas o aumento do colesterol foi devido ao acréscimo da fração HDL, que é benéfico à saúde. Os demais dados estão sendo compilados e serão apresentados em futuro próximo.

O segundo experimento do Projeto Leite Funcional será realizado em 2011 pelos pesquisadores do Polo Centro Leste/APTA, em colaboração com pesquisadores da FZEA/USP e médicos da FMRP/USP. Nesta fase, será estudada a inclusão de níveis maiores do óleo vegetal, de selênio e de vitamina E na dieta de vacas em lactação e o efeito na saúde dos animais, na qualidade do leite e a influência na nutrição e saúde de idosos alimentados com este leite modificado.

Este projeto é importante porque integra diretamente as pesquisas de Zootecnia com pesquisas de nutrição e medicina humana aplicada e abrange toda a cadeia produtiva leiteira, explica Salles. Para os animais leiteiros, a possibilidade é a de melhorar o sistema imunológico e diminuir a incidência de doenças, como a mastite. Para o produtor rural, a possibilidade é a de produzir um leite de melhor qualidade e de maior valor agregado. Para os processadores e distribuidores da cadeia de produção, a oportunidade é a de agregar valor e vender um produto diferenciado. E para os consumidores a oportunidade é a de consumir um produto mais nutritivo e saudável.

Ainda estão envolvidos no projeto os seguintes pesquisadores: Arlindo Saran Netto (FZEA/USP); Marcus Antonio Zanetti (FZEA/USP); Luiz Carlos Roma Junior (APTA Ribeirão Preto); Fernando André Salles (APTA Ribeirão Preto); Hélio Vannucchi (FMRP/USP); Eduardo Ferriolli (FMRP/USP); Karina Pfrimer (FMRP/USP) e Paulo Fernandes Formighieri (FMRP/USP).