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Gazeta Mercantil

Laser guiado por fibra óptica é usado no combate ao câncer (1 notícias)

Publicado em 29 de maio de 2002

Por Virgínia Silveira - de São José dos Campos
A Universidade do Vale do Paraíba (Univap) desenvolveu um sistema inédito no Brasil de diagnóstico precoce de câncer, com laser guiado por fibra óptica. O sistema é baseado na técnica de "espectroscopia de fluorescência", conhecida também como biópsia óptica, que permite o diagnóstico de uma determinada patologia através da emissão de radiação laser sobre os tecidos biológicos num tempo inferior a 0,5 segundo. Essa radiação sensibiliza os fotoreceptores contidos nos tecidos e permite a diferenciação entre o tecido canceroso e o saudável. Projetos semelhantes estão sendo desenvolvidos em vários países quase que simultaneamente, mas. apesar dos avanços, os cientistas ainda precisam vencer o desafio da padronização de reconhecimento do tecido doente. Segundo o coordenador do projeto na Univap, Renato Amaro Zângaro, o sistema já está sendo testado no hospital do Câncer, em São Paulo, há mais de um ano. "Os resultados são animadores, mas ainda não conseguimos reunir o número de pacientes suficiente para se estabelecer o padrão que garanta a eficiência da técnica para diagnosticar qualquer tipo de câncer", disse. O sistema Rainbow, denominação dada a nova técnica, elimina a retirada de amostra do tecido na região suspeita, como é feito hoje na biópsia tradicional. Além de evitar o desconforto do exame convencional, traz como vantagem a rapidez do resultado em tempo real. A emissão do feixe de laser e a coleta da resposta emitida pelos tecidos é feita por um equipamento também desenvolvido pela Univap. O resultado do exame sai por meio de gráficos que demonstram a presença de substâncias fluorescentes normalmente encontradas em tecidos cancerígenos. O tumor é identificado quando existe uma diferença entre as freqüências do tecido doente para um normal. "Em alguns tipos de câncer, como o do intestino, que apresenta alta concentração de bactérias, o exame com laser é interessante, pois elimina riscos de contaminação", explica Zângaro. A utilização do catéter à fibra óptica, segundo o pesquisador, facilita ainda a sua inserção em regiões de difícil acesso no organismo, com reduzido índice de trauma, como a mama e a cabeça. O pesquisador iniciou o projeto do catéter à fibra óptica no Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos, durante a elaboração da sua tese de pós-doutorado em diagnóstico de câncer com laser. O desenvolvimento do espectrofluorímetro foi feito na Univap, com recursos da Fapesp, a colaboração do Hospital do Câncer, em São Paulo e de cientistas do MIT. UNIVAP FECHA PARCERIAS Além de diagnóstico precoce de câncer, o equipamento desenvolvido pela Univap pode auxiliar na técnica de terapia fotodinâniica. para tratamento do câncer como alternativa a quimioterapia. "Fechamos uma parceria com o Hospital do Câncer para aplicarmos a terapia fotodinâmica no tratamento de câncer do esôfago em pacientes que já passaram por cirurgia e radioterapia". O uso de drogas fotosensíveis, segundo Zângaro, tem a vantagem de não lesar as células boas. A droga espalha-se pelo corpo, mas o efeito sua irradiação por laser é concentrado nas áreas tumorosas. "A técnica reduz a incidência de infecções oportunistas, pois não ataca o sistema imunológico de forma generalizada, como na quimioterapia". Outra função do Rainbow é verificar níveis de obstrução em artérias coronarianas. O projeto "Cateter à Fibra Óptica para Diagnóstico de Placas Ateromatosas no Sistema Cardiovascular" é feito em parceria com a empresa Tecno-bio. de equipamentos médicos. A nova técnica foi desenvolvida para substituir o tradicional cateterismo, exame para diagnóstico de obstruções nas artérias coronárias. O projeto da Univap, que tem a colaboração do Incor. também conta com a parceria do Instituto Dante Pazanese, da capital paulista.