Em seus 80 anos, a Escola Paulista de Medicina recebeu o lançamento do Global Action Fund for Fungal Infections - GAFFI no Brasil. A cerimônia aconteceu no anfiteatro Leitão da Cunha no último dia 18 de novembro, às 10h30. O GAFFI com sede em Genebra tem como missão desenvolver a atividade de educação, portanto de ensino e estimular a pesquisa e promover agendas que possam reduzir a mortalidade por infecção fúngica no mundo todo. Arnaldo Colombo, professor e médico da Unifesp, iniciou a cerimônia falando sobre os impactos dos fungos patogênicos na saúde pública e voltou-se para o cenário urbano. "Há mais de 20 anos eu tenho o desprazer de anunciar que nós não reduzimos em nada a mortalidade de epidemia e obviamente está muito relacionado a diagnóstico que não é realizado ou é realizado tardiamente”.
A carga fúngica no Brasil é enorme não só no reino vegetal como também no reino animal e em animais inferiores e superiores. A mortalidade associada é inaceitável nesse meio e são taxas altas comparadas ao mundo não só de incidências, mas de mortalidade. Não há dúvida de que é preciso parceiros para incorporar novas estratégias diagnósticas e terapêuticas para oferecer uma sorte melhor para esses pacientes. A professora titular da disciplina de Biologia Molecura e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Helena Nader explicou o porquê devemos nos importar com fungos patogênicos e que houve um aumento deles devido as mudanças climáticas. O aumento de fungos emergentes mostra números recentes de doenças fúngicas e de fungos que têm causado algumas das mais graves mortalidades e extinção em espécies silvestres desde plantas a animais, colocando em risco inclusive a segurança alimentar.
Já José Osmar Medina Pestana, docente titular da Nefrologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) falou sobre o aumento de população de risco. E tentou mostrar o lado positivo das apresentações, ressaltando que nem todo fungo é ruim. Tem os que fazem parte da fermentação da cerveja e também nas usinas de açúcar. O professor e médico anestesiologista José Luiz Gomes do Amaral ressaltou sobre a declaração da Associação Médica Mundial. Disse que as doenças não são analisadas adequadamente, não são olhadas com atenção no sentido de permitir seu diagnóstico clínico, as culturas são frequentemente e falsamente negativas e os diagnósticos não são frequentemente realizados. O professor Eduardo Krieger, mestre da faculdade da USP de Ribeirão, ex-presidente da Academia Brasileira de ciências e vice presidente da Fapesp, explicou sobre o fomento da pesquisa em saúde no Brasil.
Para finalizar a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, que está na Universidade há 28 anos, compartilhou a alegria de ter tantas pessoas importantes no lançamento. "Desde a associação de pós-graduandos conheço o Arnaldo e gostaria de parabenizá-lo, falar sobre toda sua contribuição à pesquisa em uma área que pouca gente se interessou e desenvolveu. E você com muita liderança foi trazendo, formando pessoas e colocando isso dentro do programa de pós-graduação". A reitora também citou uma questão que a preocupa muito que é o financiamento da pesquisa e a retomada do plano de ampliação do programa de pós-graduação e da pesquisa. “É preciso ter mais investimento, é necessário bater muito nesta tecla agora. É importante criar essa pressão no sistema”, concluiu Soraya.