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Laboratórios formam força-tarefa para ampliar testes de coronavírus (104 notícias)

Publicado em 10 de abril de 2020

Em São Paulo, uma rede composta por cerca de 20 laboratórios trabalha para ampliar os testes clínicos da Covid-19, doença causada pelo novo coronavíru s. Além da contribuição de organizações da rede privada, a iniciativa conta com a atuação do Instituto Adolfo Lutz, o Instituto Butantan e equipamentos das universidades USP, UNESP e Unicamp.

Segundo a Agência Fapesp, o principal desafio da força-tarefa consiste em facilitar a obtenção dos insumos necessários para formar os kits de diagnósticos. Grande parte dos reagentes utilizados nos testes tem origem importada e a alta demanda mundial por conta da pandemia do novo coronavírus dificulta a aquisição desses produtos.

A falta de insumos para testes de diagnóstico do coronavírus é um problema nacional. Embora o Ministério da Saúde tenha declarado, em março, que iria distribuir pelo menos 10 milhões de kits de diagnósticos rápidos aos estados, dados publicados recentemente pela pasta indicam que até a última quarta-feira (8) apenas 63 mil testes foram realizados em todo o país.

A testagem de pacientes representa um recurso fundamental para guiar as políticas públicas de combate à pandemia. Com mais diagnósticos, as autoridades de saúde podem fazer análises mais precisas sobre disseminação da doença e, a partir disso, definir medidas para tentar frear o contágio.

"Há pouquíssimas empresas no Brasil que fabricam reagentes. As grandes fabricantes são estrangeiras e são poucas, então não há muita margem de negociação. Em lugares como Coreia do Sul e China, que têm parques tecnológicos muito desenvolvidos, eles acabam se organizando e produzindo eles mesmos os insumos que compõem os kits de diagnóstico", afirmou Roger Chammas, professor Faculdade de Medicina da USP, à Agência Fapesp.

O pesquisador ressalta que a própria Universidade de São Paulo possui testes em estoque. Porém, a quantidade está muito aquém do necessário.

Novas opções de reagentes

Docentes e outros pesquisadores da Unicamp buscam validar diferentes reagentes que podem ser úteis para extrair o material genético das amostras. A ideia é informar todos os protocolos que funcionarem em um site único da rede de laboratórios. Assim, dependendo dos resultados, as instituições podem usar os mesmos métodos e superar a escassez de insumos.

"Conseguimos estabelecer um padrão com certos insumos. A partir disso, estamos testando produtos de outras marcas para verificar se os resultados são os mesmos. Com essa validação, não ficamos dependentes de apenas alguns fabricantes", afirmou Alessandro dos Santos Farias, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, à Agência Fapesp.

Infraestrutura

De acordo com a Agência Fapesp, a Unicamp montou infraestrutura e realizou treinamentos de profissionais para realizar 40 mil testes. No entanto, de 30 mil kits encomendados, apenas 6 mil estão garantidos e devem chegar em breve. A Unesp, por sua vez, pretende aproveitar os campus em vários municípios do interior paulista para ampliar a testagem de pacientes.

O Hemocentro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, na Unesp Botucatu, já oferece até 150 diagnósticos por dia. Dois outros laboratórios -- um vinculado ao Departamento de Análises Clínicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFAr), da Unesp Araraquara; e outro ao Departamento de Biologia do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), da Unesp São José do Rio Preto -- ainda aguardam o credenciamento do Instituto Adolfo Lutz para realizarem testes de diagnóstico de Covid-19.

"O fato de a Unesp ter vários campus espalhados pelo Estado torna a iniciativa ainda mais estratégica, pois permite grande cobertura no interior, o que pode ajudar a vigilância da pandemia", afirmou Rejane Grotto, professora da Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA) da Unesp e responsável pela padronização e execução dos exames, à Agência Fapesp.

Grotto ainda destaca que a iniciativa vai integrar pesquisas sobre o vírus, com o intuito de investigar os aspectos epidemiológicos e fisiológicos da doença. "É importante investigar os efeitos dessa síndrome agora. Os resultados podem ajudar a salvar vidas", afirma.

Fonte: olhardigital