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Laboratórios avançam nos fitoterápicos (1 notícias)

Publicado em 15 de novembro de 2002

Por Fabiana Pio
O laboratório nacional Cristália já se prepara para disputar o mercado de fitoterápicos no País. A empresa está identificando potenciais parceiros de pesquisa e plantas terapêuticas e contratou uma equipe especialmente para isso. "O segmento de fitomedicamentos veio para ficar. Desenvolveremos novos produtos, que serão submetidos a ensaios clínicos e vendidos sob prescrição médica", diz João Carlos Momesso, especialista em fitomedicamentos e diretor de assuntos estratégicos e novos negócios da Crístália. O mercado de fitoterápicos é formado por cerca de 200 laboratórios fabricantes no País. Movimenta US$ 400 milhões, que representam 6,7% das vendas de medicamentos no Brasil. Em 2000 a perspectiva é gerar receita de US$ 1 bilhão por ano, segundo pesquisa do Programa de Estudos do Futuro (Profuturo-Fia). A Biosintética irá investir cerca de R$ 15 milhões nos próximos três anos no estudo de três produtos naturais. O laboratório nacional já aplicou R$ 4 milhões em pesquisas na planta popular nó-de-cachorro. Ela atua no sistema nervoso central, restabelece a memória e tem efeitos antioxidantes. Ela é indicada principalmente para pessoas idosas, e poderá tornar-se um novo medicamento contra o Mal de Alzheimer, um mercado que gira US$ 3 bilhões por ano. Além disso, estão sendo estudados o extrato de café e o veneno da Bothrop-jararaca. Esse veneno poderá servir para o desenvolvimento de um nova classe de anti-hipertensivos. O Laboratório Ache investiu R$ 11 milhões na criação de uma nova divisão para o desenvolvimento de fitomedicamentos e deverá estrear nesse mercado no próximo ano com quatro produtos. Dois fitoterápicos serão anunciados logo no primeiro semestre e um deles será voltado para as áreas de ginecologia e obstetrícia. Já o GlaxoSmithKline do Brazil contratou a empresa carioca Extracta para pesquisar novas moléculas. O laboratório investiu US$ 3, 2 milhões em 30 meses em estudos na Mata Atlântica e Amazônia, próxima a Belém, Pará. Foram descobertas 10 moléculas potenciais, que serão estudadas pela Glaxo. Caso seja comprovada sua eficácia, elas serão patenteadas pela Extracta e licenciadas para o laboratório desenvolver novos medicamentos. Para isso, deverão investir mais US$ 500 milhões. Segundo Antônio Paes de Carvalho, diretor presidente da Extracta, apesar dessas moléculas serem derivadas da natureza elas não originarão necessariamente fitomedicamentos. '"Os fitoterápicos são compostos por diversas moléculas. O objetivo da Glaxo é desenvolva um medicamento a partir de uma única molécula Provavelmente, o medicamento que será comercializado terá uma molécula diferente da extraída da natureza". A brasileira Innophar também realiza pesquisa e desenvolvimento (P&D) na área de fitoterápicos. Fundada há três meses, a empresa tem sete linhas, entre elas antiinflamatórios e antioxidantes. Em uma de suas publicações foi comprovada a ação terapêutica do gengibre em inflamações. MERCADO GIRA US$ 400 MILHÕES O mercado de fitoterápicos movimenta valor próximo a US$ 400 milhões no Brasil, e está em torno de US$ 22 bilhões no mundo. Dois terços da população mundial utilizam plantas medicinais. Hoje, as 125 principais indústrias farmacêuticas do mundo realizam pesquisas com produtos de plantas, 2/3 dos medicamentos lançados nos últimos anos nos EUA, provêm direta ou indiretamente de plantas. Conforme relatório da Abifarma, as vendas de medicamentos no Brasil evoluíram cerca de U$ 3,9 bilhões em 1992 para U$ 5,9 bilhões em 2001, tendo atingido cerca de U$ 10,2 bilhões em 1997. Atualmente estima-se que as vendas de fitoterápicos no Brasil sejam de U$ 400 milhões, ou seja, 6,7% do total de venda de medicamentos. Os principais motivos para o consumo dos fitoterápicos no Brasil, em 2002 e 2010 serio: desejo de consumir produtos naturais (76% em 2002 e 80% em 2010); prescrição médica (18% em 2002 e 64% em 2010); tradição cultural (51 % em 2002 e 24% em 2010). Especialistas acreditam que a logística de distribuição e os pontos de venda tradicionais da indústria farmacêutica serão os mesmos mantidos para os fitoterápicos. E isto realmente deverá ser válido para produtos fitoterápicos que exigem prescrição médica. No entanto, outros canais de distribuição serão uma ótima alternativa. Os canais de distribuição mais importantes para os fitoterápicos sem prescrição médica em 2010 serão: farmácias (81%), lojas de produtos naturais (63%), lojas em suplementos alimentares e vitamínicos (30%), supermercados (44%), hospitais (9%), feiras livres (9%), outros (6%) e reembolso de planos de saúde (3%). Quanto ao estilo de vida, as três alternativas mais características dos consumidores de fitoterápicos serão: orientado para produtos naturais, orgânicos e ecológicos (77%), vida esportiva e saúde (58%), tecnologias e produtos alternativos (44%). O consumidor brasileiro, assim como nos outros países do mundo, tem migrado para produtos 'naturais' e 'orgânicos'. A busca por produtos terapêuticos que apresentem menores efeitos colaterais e por medicamentos preventivos, além do crescente custo da pesquisa de novos fármacos obtidos por meio de síntese química aleatória, fortalece a migração para fitoterápicos. Os dados foram divulgados pelo Programa de Estudos do Futuro da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo.