A interatividade da TV digital é o objeto de estudos da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, que criou um laboratório para elaborar conteúdo educacional para a nova tecnologia. Único do gênero na América Latina, o Laboratório Conteúdo Educacional para TV Digital irá pesquisar e desenvolver programas educativos para veiculação na televisão interativa. "Nós estamos nos antecipando para desenvolver conteúdo voltado para a educação quando a TV digital interativa estiver no ar", comenta o engenheiro e professor Sérgio Amaral.
O docente diz que a TV analógica ainda não foi explorada em sua totalidade, mas vê na tecnologia digital possibilidades infinitas para o ensino a distância. "A TV digital tem grande potencial, permitirá a interação e criará uma situação muito nova. O telespectador poderá obter, por meio do teclado do controle remoto, mais dados sobre o conteúdo que está sendo ensinado e até trocar mensagens em tempo real com um professor para esclarecer dúvidas", diz.
A ideia do professor é inovar na apresentação dos conteúdos. Ele procura formas alternativas e interativas de ensinar a distância que fujam do padrão estabelecido pelos chamados telecursos.
"Em vez de usarmos um ator para reproduzir um determinado conteúdo, queremos que a aula seja ministrada por um especialista na disciplina", afirma Amaral.
Além de desenvolver modelos para a veiculação na televisão, uma das grandes frentes de trabalho do novo laboratório será a criação de design e conteúdo para ser veiculado também em celulares.
"Eu acredito que o celular é que vai fazer a inclusão digital e por isso vamos desenvolver modelos para a divulgação em celulares", comenta o pesquisador Amaral.
Segundo ele, o celular é muito mais barato e, portanto, mais acessível para a maior parte da população. "O mercado já tem vários modelos de aparelhos de celular com TV Digital, temos que desenvolver um design de conteúdo específico para essa plataforma", comenta.
O laboratório reúne tecnologia avançada em imagem digital. "Aqui temos um estúdio para gravação que consumiu milhões de reais em recuros repassados pela Financiadora de Estudos e Projeto, agência vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)". Apesar de já ter condições de formatar conteúdos e produzir programas para a TV digital, eles não podem ser transmitidos. "O que nos falta é um sistema de transmissão aberto, visto que hoje isso é feito de forma restrita. Mas a ideia é, com o tempo, chegarmos lá", comenta Amaral.
O laboratório terá também a função de treinar profissionais para o desafio de educar por meio da TV. "Além de possibilitar a produção de programas educacionais para a TV digital, o laboratório servirá à formação continuada de professores e alunos", explica o docente.
A ideia é desenvolver modelos e know how para que, quando a interatividade estiver ocorrendo, já existam profissionais aptos a desenvolver novos programas educativos.
O professor conta que o governo trata o assunto com importância e estabeleceu os parâmetros legais para a criação de um canal aberto com conteúdo educacional. "Quando estiver disponível, aí sim poderemos levar os conteúdos para as casas das pessoas. Por ora, vamos formando pessoas e desenvolvendo competências", conta. Amaral acredita que o canal estará no ar em cinco anos.
SAIBA MAIS
WebLab
Outro projeto que está sendo desevolvido na Faculdade de Educação da Unicamp é o WebLab, voltado ao uso da internet de alta velocidade como plataforma para a difusão de programas educacionais. Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o WebLab tem caráter experimental. Segundo o professor Sérgio Amaral, a universidade está trabalhando no desenvolvimento de conteúdo e da plataforma para aplicação na educação. No entanto, ressalta Amaral, a internet de alta velocidade ainda não é uma realidade para boa parte da população brasileira. "Enquanto esse tipo de recurso não é ampliado, vamos testar modelos e padrões e definir métodos e especificações que nos permitam futuramente usar também a web para a difusão de conteúdos educacionais".
Telefone móvel é tecnologia da vez
Companhias produtoras de celulares investem cada vez mais em modelos multifuncionais
Para muitos especialistas da área de Tecnologia da Informação (TI), a inclusão digital se dará por meio dos celulares. Com a TV digital não será diferente. Para o professor da Unicamp Sérgio Amaral, essa inclusão vai acontecer por meio dos telefones móveis. Segundo ele, o custo dos aparelhos é muito menor que o dos computadores. "A mobilidade também é um fator favorável ao celular", comenta.
Sabendo disso, as grandes companhias produtoras de celulares investem cada vez mais em modelos multifuncionais. Rodrigo Ayres, gerente de produto de celular da LG Electronics no Brasil, argumenta que o tamanho do mercado de celulares é muito maior que o de computadores e televisores. "A taxa de troca de celular é muito maior que a de TV. Enquanto o celular é trocado em média a cada ano e meio, a TV demora muito mais tempo para ser trocada", diz.
Ayres acredita que a penetração da TV digital será maior no celular. " A disponibilidade de acessar o conteúdo a qualquer momento facilita isso", comenta. Segundo ele, a LG fez uma pesquisa entre os usuários e verificou que pessoas que não costumam assistir à TV usam a ferramenta no celular. "Muita gente assiste à TV durante filas e esperas, a taxa de utilização da função tem sido muito alta", diz Ayres.
Apesar de não divulgar números sobre as vendas de aparelhos, a LG Eletronics sustenta que a demanda por celulares com TV digital está crescendo. "Acredito que em médio e longo prazos a TV digital vai virar item de série nos aparelhos", conta.
André Varga, gerente de produto da Divisão de Telecom da Samsung, diz que com o rádio FM a história foi parecida. "Em dois anos o rádio virou item de série. No caso da TV, a nossa expectativa é de que até o final de 2010 a grande maioria dos celulares tenham a ferramenta", diz. (PA/AAN)
Telas ganham qualidade e aumentam de tamanho
Aparelhos com a função de TV digital já transmitem o sinal das emissoras abertas
Transmitir programas de televisão no celular é tarefa simples segundo executivos do setor. Mas os aparelhos têm que ter alguns pré-requisitos. "A tela tem que ter uma qualidade melhor e um tamanho maior. Além disso, a bateria tem que ter uma autonomia maior para que o usuário não fique sem telefone no meio de um programa", comenta Rodrigo Ayres, gerente de produto de celular da LG Electronics no Brasil.
Os celulares com a função de TV digital transmitem apenas o sinal das emissoras abertas. "O usuário tem que verificar a cobertura do sinal digital no local onde mora. O serviço depende da transmissão de sinal das emissoras", diz André Varga, gerente de produto da Divisão de Telecom da Samsung. Segundo ele, o sistema de transmissão é exatamente igual ao da TV. "A única diferença é que o receptor é compacto", conta Ayres.
André Varga, gerente de produto da Divisão de Telecom da Samsung, conta que uma readequação do aparelho também tem que ser feita para acomodar a antena. "Além da antena de celular, tem a antena da TV, rádio e bluetooth. Elas têm que ser dispostas de forma adequada para não atrapalhar a transmissão", comenta.
Fonte: Correio Popular