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Koppert Brasil vê mercado de R$ 1 bilhão em cinco anos para seus biodefensivos (9 notícias)

Publicado em 21 de outubro de 2021

Empresa de origem holandesa está na corrida por uma fatia do mercado nacional de produtos biológicos, estimado em R$ 3,7 bilhões até 2030. Vera Ondei e Erich Mafra

Em 2020, o faturamento da Koppert Brasil, subsidiária da holandesa especializada em biodefensivos para as lavouras, foi próximo a R$ 160 milhões. Para este ano são esperados R$ 240 milhões, mas o pulo do gato vem nos próximos cinco anos. Os executivos Danilo Scacalossi Pedrazzoli, diretor industrial, e Gustavo Herrmann, diretor comercial, que trouxeram a empresa para o país há dez anos, contam com faturamento de R$ 1 bilhão em cinco anos, mas, se algo sair do atual planejamento, que seja em oito anos. “É um desafio. Esse é o tema estratégico que mais tem tomado nosso tempo porque, para acompanhar esse crescimento, a gente precisa investir em fábricas”, afirma Herrmann. “Temos projetos para três novas fábricas, além da ampliação do atual parque. Para manter o market share de 20% que hoje a Koppert possui no mercado de biodefensivos, dependemos dessa expansão.”

Segundo a CropLife Brasil, associação que atua nas áreas de germoplasma, biotecnologia, defensivos químicos e produtos biológicos – com pesquisa da consultoria Blink Projetos Estratégicos –, o setor de bioinsumos deve crescer 33% em 2021, com faturamento estimado em R$ 1,7 bilhão. Para 2030, a estimativa é de R$ 3,7 bilhões.

Parte importante do crescimento esperado pela Koppert está no desenvolvimento de novos produtos. A empresa já possui 35 produtos em seu portfólio e está desenvolvendo outras 30 tecnologias por conta própria e também por meio de uma parceria com a Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), em Piracicaba (SP). Há três anos, a empresa foi convidada pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) a contribuir com a construção de um prédio, no qual serão desenvolvidas várias linhas de pesquisa voltadas à tecnologia de produção e aplicação de macro e microorganismos para a defesa agrícola. Assim nasceu o SPARCBio (São Paulo Advanced Research Center for Biological Control), lançado no ano passado, com investimentos de R$ 40 milhões. O espaço deve ser inaugurado em fevereiro de 2022.

Para os executivos, outro fator que deve impulsionar a utilização de biodefensivos é a conscientização sobre o uso desse tipo de produto e também pela necessidade. Para Pedrazzoli e Herrmann está aí a oportunidade. “Poucos clientes hoje chegam por amor. Eles estão vindo para o biológico porque não estão encontrando soluções em outras ferramentas, como químicos”, afirma Hermann. “As grandes empresas vão, cada vez menos, lançar produtos regionais, elas lançam produtos globais.”

O executivo dá como exemplo uma praga do milho, a cigarrinha (Dalbulus maidis), inseto sugador de seiva capaz de causar danos diretos e indiretos às plantas e que hoje é a praga mais temida pelos produtores. Ela tem tirado o sono dos agricultores nos últimos anos, podendo causar perdas de até 90% em produtividade. “Nenhuma das grandes empresas vai querer gastar US$ 200 milhões do desenvolvimento de uma molécula que resolva um problema de US$ 100 milhões no Brasil”, diz Hermann. “Agora, para o biológico, esse negócio é grande. Então, a gente desenvolveu um bioinseticida para a cigarrinha do milho que resolve a dor do produtor. Acho que essa tendência natural está colocando a gente na mesa.”

A ocupação de espaços de mercado está no DNA da Koppert. O criador da marca, o agricultor holandês Jan Koppert lá no final dos anos 1960, enfrentava problemas de pragas e doenças em seu cultivo de pepinos quando foi em busca de uma alternativa para os pesticidas. Desde então, a Koppert Biological Systems abriu filiais em mais de 30 países, com receita global estimada em R$ 1,3 bilhão em cotação atual (€ 200 milhões). Está no Brasil desde 2011 porque Pedrazzoli e Herrmann, ex-sócios da Bug Agentes Biológicos (mais tarde absorvida pela Koppert) viram que a história poderia se repetir no país, mas em outra dimensão de mercado pelo tamanho do agronegócio local. “Quando pensamos em trazer o conceito para desenvolver a Koppert aqui, a principal preocupação [da matriz] era ‘eu vendo um produto para controlar uma doença aqui por € 500/hectare no morango. No Brasil, o mesmo produto tem que ser vendido a € 6/hectare para soja, porque se não o agricultor não compra’; Como serei lucrativo?”, diz Pedrazzoli, sobre o período de namoro com a Koppert, anterior a 2011.

A virada da chave estava justamente na escala. Pedrazzoli conta que não foi difícil exemplificar isso para a Koppert, em sua sede holandesa, afinal “na Europa você tem 20 mil hectares de morango, já no Brasil você tem 36 milhões de hectares de soja”. A dupla acredita nesse potencial e os resultados vêm sendo contabilizados. “Há produtos que aqui a gente tem mais margem do que a Koppert na Europa”, complementa Herrmann.

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