Notícia

Jornal do Brasil

"Kits da Abbot não devem gerar pânico"

Publicado em 12 abril 1996

Por BÁRBARA ARISTON
Representante de sociedade médica avisa que erro é raro, mas recomenda refazer testes "Não há motivo para pânico", garantiu ontem o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), Mário Bronstein, referindo-se aos testes de Aids do Laboratório Abbot, que estariam com defeito. O médico garantiu que, baseado nas estatísticas (apenas quatro exames, entre 2,5 milhões no mundo inteiro, apresentaram falsos resultados), os prováveis 35 mil brasileiros que utilizaram o kit não precisam se preocupar. Bronstein afirma que os erros foram resultado do fenômeno de prozona, um caso "raríssimo" que ocorre durante o teste. "Esse fenômeno acontece quando, no momento da oposição entre antígenos e anticorpos de qualquer tipo de exame, há uma produção maciça de anticorpos. Assim, a reação não se realiza, provocando um resultado negativo. É o falso negativo", explica. Embora seja comum em testes de outras doenças, como sífilis, por exemplo, esta foi a primeira vez que o fenômeno ocorreu em testes de Aids. Bronstein admite, no entanto, que o fenômeno não invalida que haja defeito nos equipamentos do laboratório. A própria Abbot repetiu os exames com diluição do sangue em outros kits, para fugir do fenômeno de prozona, e os resultados foram positivos. "Como outros kits conseguiram fazer a reação, apesar do fenômeno, nós acreditamos que tenha havido um defeito no equipamento do IMX, que automatiza as reações", afirma. "De qualquer maneira, esse kit já está liquidado no mercado." Bronstein lembrou que todas as pessoas que fizeram o teste de HIV com o equipamento IMX devem refazê-lo com outros kits. Ele alertou, porém, que, mesmo se tratando de outros kits, os testes de Aids com resultado positivo devem sempre ser refeitos, assim como os negativos, se a pessoa fizer parte de algum grupo de risco. "O que não adianta é o Ministério da Saúde fazer alarde", disse. Bronstein admitiu que a situação é mais preocupante para as pessoas que receberam transfusões de sangue. "Mas também não é alarmante, porque os hemocentros já estão refazendo os testes."