A justiça determinou o afastamento do professor e nutricionista da USP Herbert Lancha, acusado de improbidade administrativa e enriquecimento ilícito por usar em clínica particular um aparelho público destinado a pesquisa na universidade. O pedido de afastamento partiu do Ministério Público após denúncia de colegas e alunos da USP.
Segundo denúncia do MP, Lancha cobrava entre R$ 200 e R$ 250 de pacientes dele para a realização de exames com o aparelho chamado bod pod, que analisa o índice de massa corporal. O equipamento foi comprado pela Fapesp, agência de financiamento de pesquisa do estado, e doado para a USP em 2007. A reportagem tentou entrar em contato com o professor por meio de quatro números de celular de Lancha e da mulher dele, mas ninguém atendeu.
O pedido de afastamento feito pelo MP é baseado em depoimento de alunos e professores, além de outras provas. Vídeo publicado na internet mostra o bod pod comprado pela Fapesp com logo do Instituto Vita, clínica de Lancha. O vídeo, publicado em 2011, está numa rede social da empresa e é usado para fazer propaganda da clínica.
A direção da Faculdade de Educação Física informou que ainda não foi notificada da decisão da Justiça, mas disse que o professor já havia pedido afastamento para fins acadêmicos. Ele foi para a França fazer pesquisa e já solicitou prorrogação várias vezes. O último pedido para prorrogar o afastamento foi feito em novembro e termina em 20 de janeiro.
Alunos expulsos de laboratório
No ano passado, o professor da USP Runo Gualano, que coordena mais de 30 projetos de pesquisa sobre nutrição e atividade física, e cerca de 20 alunos fizeram denúncia depois de terem sido expulsos do laboratório de nutrição da Faculdade de Educação Física da USP por Lancha, professor titular e coordenador do laboratório.
Gualano e os alunos queriam usar o bod pod, que foi levado para a clínica particular de Lancha, o Instituto Vita. “A gente nunca contava muito porque havia um impedimento de a gente usar esse equipamento nos nossos projetos. A gente nunca contou com isso. Ele não ficava aqui na faculdade”, disse Gualano.
O professor Guilherme Artioli, que pediu licença da USP e foi dar aula na Inglaterra, também denunciou o professor Lancha. Artiole decidiu deixar o país depois de também ser expulso do laboratório de nutrição. “Obviamente que essa expulsão resultou no prejuízo nos trabalhos, na pesquisa, que estavam em andamento naquele momento - muitas delas contavam com financiamento público”, disse Artioli.
Por G1 São Paulo