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Julio Voltarelli, pioneiro em pesquisa com células-tronco, morre aos 63 anos (1 notícias)

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Professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP), Voltarelli estava internado no hospital Santa Isabel, em Blumenau (SC), desde 9 de março, quando passou por um transplante de fígado, pois estava com hepatite C.

Voltarelli coordenava o Laboratório de Imunogenética e a Unidade de Transplante de Medula Óssea do Hospital das Clínicas da FMRP-USP. Era um dos pesquisadores principais do Centro de Terapia Celular, um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da Fapesp.

O imunologista Julio Cesar Voltarelli, um dos pioneiros da pesquisa em células-tronco no Brasil, morreu na última quarta-feira (21), aos 63 anos. O cientista graduado em Medicina pela FMRP-USP tinha experiência nas áreas de imunologia clínica, hematologia e hemoterapia. Suas pesquisas foram publicadas em periódicos internacionais e ele escreveu o primeiro tratado brasileiro completo sobre o transplante de células-tronco hematopoiéticas Edson Silva/Folhapress

O cientista graduou-se em Medicina pela FMRP-USP e fez residência, mestrado e doutorado pela mesma faculdade.

Com experiência nas áreas de imunologia clínica, hematologia e hemoterapia, suas principais áreas de pesquisa eram: transplante de células-tronco hematopoiéticas para doenças autoimunes e doenças hematológicas malignas e benignas; diagnóstico e tratamento de doenças reumáticas; seleção de doadores para transplantes de rins e de medulas óssea; terapia celular de doenças inflamatórias e/ou autoimunes com células-tronco mesenquimais.

Entre diversas conquistas científicas, Voltarelli e seu grupo na FMRP-USP demonstraram um tratamento com base em quimioterapia e transplante de células-tronco que dispensa a maior parte dos pacientes de diabetes tipo 1 das injeções de insulina - e os que têm recaídas precisam de doses bem menores do que antes.

A pesquisa, cujos resultados foram publicados em periódicos como o Journal of the American Medical Association, observou que a maioria dos pacientes permaneceu independente da insulina, com bom controle glicêmico.

Outra pesquisa de resultados importantes, que contou com a colaboração de Voltarelli, conseguiu reverter déficits neurológicos em estágios iniciais em pacientes com esclerose múltipla a partir do transplante de células-tronco dos próprios indivíduos. As células foram usadas para "reinicializar" seus sistemas imunológicos. A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Neurology.

Voltarelli também editou um livro chamado Transplante de células-tronco hematopoiéticas, o primeiro tratado brasileiro completo sobre o tema. Com quase 1,3 mil páginas, a obra apresenta uma ampla revisão sobre o tema do transplante de células-tronco hematopoéticas - aquelas que têm potencial para formação de sangue - e revela a experiência brasileira na área, descrevendo os transplantes realizados no Brasil para cada doença.

O corpo do pesquisador foi levado a Ribeirão Preto, para a realização do velório e do sepultamento. A Prefeitura da cidade decretou luto oficial de três dias.

(Com Agência Fapesp)