Uma pesquisa feita na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) demonstrou de forma objetiva algo que especialistas em neurociência já suspeitavam: pessoas que começam a usar cocaína durante a adolescência desenvolvem déficits cognitivos mais significativos do que quem inicia o consumo da droga na vida adulta.
Ao comparar os dois grupos de dependentes, pesquisadores observaram diferenças marcantes principalmente em habilidades como atenção sustentada (requerida para a realização de tarefas longas, como o preenchimento de um questionário), memória de trabalho (necessária para o cumprimento de ações específicas, como a de um garçom que precisa gravar o pedido de cada uma das mesas até o momento de entregar o prato corretamente) e memória declarativa (que corresponde ao armazenamento e recuperação de dados após um período de intervalo).
Além disso, no grupo de usuários com início precoce foi 50% mais frequente o consumo concomitante de maconha e 30% de álcool, quando comparado com dependentes que iniciaram o uso depois dos 18. Os resultados completos da pesquisa, apoiada pela Fapesp, foram divulgados na revista Addictive Behaviors. (Agência Fapesp)