Divulgação científica no Brasil e José Reis são sinônimos, mas Reis foi mais do que apenas um divulgador da ciência. Ele foi capaz de aliar a carreira de jornalista com a de pesquisador de renome internacional em sua área, a microbiologia
Sua biografia e a de algumas das mais importantes instituições de apoio à ciência no Brasil se confundem. Em 1948, ajudou a fundar a SBPC, que tantos serviços prestaria ao país. Também esteve envolvido na criação da Fapesp e foi um dos responsáveis pelo surgimento da figura do pesquisador universitário em tempo integral, sem o qual a ciência brasileira dificilmente teria ultrapassado a fase do diletantismo.
Reis obteve a rara honra de tornar-se, ainda em vida, nome do mais importante prêmio de divulgação científica do país, que é distribuído anualmente pelo CNPq a instituições, jornalistas e pesquisadores.
Contrariando o estereótipo do cientista avoado, Reis era um bom administrador. Dirigiu o Instituto Biológico e daí foi convidado para participar de algumas das reformas administrativas do governo paulista, sob as gestões de Fernando Costa e Macedo Soares. Foi também o primeiro diretor da atual Faculdade de Economia e Administração (FEA), da Universidade de SP.
Como jornalista, Reis não se restringiu a escrever artigos científicos na Folha, o que fez quase ininterruptamente por mais de meio século, de 1947 até as duas próximas edições do Mais!. Entre 1962 e 1967, ele foi o diretor de Redação desta Folha.
Eclético, Reis se aventurou em várias áreas do saber. Além de sua obra em microbiologia, escreveu livros técnicos sobre agricultura, um texto sobre a teoria da relatividade de Albert Einstein e até fábulas infantis.
Mais do que um jornalista e um cientista completo, desaparece com José Reis um raro polímata, um homem que precocemente percebeu a importância de envolver o público no debate das descobertas científicas. (Folha de SP, 17/5)
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