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Jogo on-line populariza método rápido no auxílio à alfabetização (1 notícias)

Publicado em 08 de junho de 2012

Dois centros de pesquisa na região de Araraquara (SP) têm se dedicado a criar ferramentas de apoio ao ensino na educação básica. O mais recente projeto é um jogo, disponível gratuitamente na internet, cujo objetivo é estimular crianças em fase de alfabetização a trabalhar com letras, formando sílabas e palavras.

O game interativo, intitulado ‘Ludo Primeiros Passos’, é divido em cinco níveis, que variam de acordo com o grau de alfabetização da criança. O projeto foi elaborado há oito meses por um grupo de pedagogos.

“Eles nos orientaram como disponibilizar essa ferramenta de auxílio na rede. Com isso, conseguimos aplicar os mesmos princípios que eles utilizam para ensinar a primeiro aprender o alfabeto, depois as sílabas e então as palavras”, explica o físico-químico Élson Longo, que comandou a equipe de pesquisadores no desenvolvimento do sistema.

Professor do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara e docente associado da pós-graduação da Universidade Federal de São Carlos (Unifesp), Longo diz que a internet poder ser uma grande aliada no processo de alfabetização. Segundo ele, o computador já é um atrativo por estar cada vez mais presente na vida das pessoas. Conectado à rede, o processo de aprendizado rompe fronteiras.

O jogo
Interativo, colorido e lúdico, o ‘Ludo Primeiros Passos’ leva a criança a fazer associações de figuras próximas de seu cotidiano com as palavras correspondentes. Para cada etapa concluída, o jogador avança, percorrendo uma estrada cheia de desafios e aumento de vocabulário.

O jogo é inteiramente narrado, para que as crianças compreendam bem o objetivo de cada desafio. Algumas fases pedem que a criança trabalhe com a sílaba, identificando as figuras seus respectivos nomes. Foram produzidas mais de 180 figuras para o jogo, e esse número deve crescer.

Há ocasiões em que o jogo que pede ao usuário a identificação das primeiras letras das palavras. Em outros momentos, o jogador precisa conhecer as letras que são necessárias para completar as palavras, auxiliando na digitação, coordenação motora e raciocínio. Também há desafios para ordenar as sílabas para formar corretamente cada palavra.

Meio e método
Para Maria do Rosário Longo Mortatti, professora do curso de pedagogia da Unesp de Marília, a variedade de recursos oferecidos na rede é importante no processo de alfabetização. “Tudo isso é muito bem-vindo e pode complementar. Mas eu chamo a atenção para o ensinar a aprender a ler e a escrever, porque há muitas possibilidades de compreensão. Saber identificar letras, por exemplo, não quer dizer que se está alfabetizado. Não é o que eu considero. São diferentes concepções”, ressalta.

Segundo ela, criar meios complementares ao aprendizado utilizando o computador é uma forma interativa de a criança se integrar ao mundo atual e compreender diferentes linguagens. “O que se está em discussão é o modo de se apresentar à criança, de uma forma mais prazerosa, mais contemporânea, aquilo que era apresentado somente no papel”, reforça.

Silvia de Mattos Gasparian Colello, professora de pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a comunicação escrita é uma forma de interação e não um código a ser dominado.

“Eu não vejo o ensino da língua escrita assim. Para mim, língua é fala, é comunicação, é interação. Sílaba, para mim, por sim só, não diz nada. O que diz é a palavra do sujeito, é o direito de contar uma história”, ressalta.

Para ela, palavras descontextualizadas de uma situação comunicativa transformam a língua em uma dimensão de código. “O que está em jogo é um exercício de discriminação visual e de associação de letras e sons. A língua é muito mais rica do que essa associação mecânica de letrinhas. Agora que as crianças gostam é certo porque elas adoram mexer no computador”, diz.

Audiência
Há apenas dez dias disponível em um site, o ‘Ludo Primeiros Passos’ recebeu mais de 60 mil acessos.“Teve uma receptividade muito forte, mais do que esperávamos”, ressalta o professor Élson Longo.

De acordo com ele, o próximo passo é fazer ajustes e discutir melhorias com os pedagogos para que então seja possível levar o projeto ao conhecimento da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. “Em um futuro próximo acredito que será uma ferramenta muito boa nas salas de aula”, diz.

Sob a coordenação de Longo, os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia dos Materiais em Nanotecnologia (Inctmn-CNPq) e o Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (Cmdmc/Fapesp) já criaram também games sobre o combate à dengue, ensino de química, reciclagem e preservação da biodiversidade. O próximo projeto que está sendo elaborado por uma equipe de 12 profissionais trata-se de um jogo sobre a conservação da água, adianta o professor.

Fonte:g1.globo.com