Tem gente que não mede esforços para perder peso — mesmo que isso coloque em sério risco a própria saúde. Esse é o caso de quem opta por fazer jejum e fica simplesmente sem comer.
Segundo diversos estudos, o jejum pode causar danos irreversíveis à saúde. Algumas dessas pesquisas usaram animais como ratos para entender o que acontece com o organismo quando se intercala momentos de muita fome aos de alimentação excessiva – o chamado jejum intermitente.
Uma das conclusões é de que a prática, embora possa emagrecer em um primeiro momento, favorece o surgimento do diabetes.
A restrição alimentar leva o corpo a acender um “sinal de alerta” de que está faltando comida. Então, quando há comida disponível, acaba “armazenando” mais para sanar o estresse anterior.
É por isso que acontece o aumento da fome e, muito frequentemente, a maior ingestão de calorias e o consequente ganho do peso perdido – ou “efeito sanfona”, muito temido por quem deseja emagrecer.
Um desses estudos foi realizado pelo Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e constatou efeitos negativos variados do jejum em ratos.
“Os efeitos negativos constatados foram aumento dos radicais livres e da secreção de insulina no pâncreas […], grande aumento da dimensão do estômago, redução da massa magra [massa muscular] e aumento da quantidade de gordura geral, além de prejuízos no crescimento dos animais”, conta a autora do estudo, a bióloga Ana Cláudia Munhoz Bonassa.
Ela alerta, porém, que mais estudos precisam ser realizados para que a comunidade científica se certifique dos efeitos do jejum em humanos.
“Cada um tem sua necessidade nutricional, carrega sua carga genética, possui diferentes características físicas e realizam diversas atividades ao longo do dia”, explica a especialista em nutrição clínica Lilian Sant’Anna. Ou seja, o ideal é que cada pessoa tenha um atendimento profissional personalizado, já que cada caso é um caso.
Exceções
“A ausência de nutrientes, a longo prazo, pode acarretar alterações importantes ao organismo, como queda ou enfraquecimento do cabelo, constipação intestinal, osteoporose, anemia, desidratação, atividade mental comprometida, dificuldade de concentração, ansiedade e irritação”, diz Sant’Anna.
É evidente, porém, que o jejum é necessário em alguns casos específicos, como para a realização de um exame ou de uma cirurgia, assim como na recuperação após alguma doença – sem citar motivos religiosos. Mas se você quer parar de se alimentar meramente para emagrecer, é melhor pensar duas vezes a partir de agora.
Fonte: Valéria Dias/Jornal da USP, Pesquisa Fapesp e HCor