A JBS informou na quinta-feira (13) que, em breve, a população poderá ter acesso a um novo teste capaz de identificar por meio da saliva casos suspeitos de covid-19.
A instituição à frente dessa inovação é o Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), que conta com apoio da JBS e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp).
Trata-se de uma alternativa ao RT-PCR, teste que hoje é referência mundial na detecção de casos ativos do novo coronavírus. O RT-Lamp, como é chamado, já se encontra em fase final de desenvolvimento.
O sistema prevê a autocoleta pelo paciente e permite, de forma indolor e não invasiva, o recolhimento da saliva em um tubo de ensaio. Com isso, diminui-se o risco de contágio já que não será mais necessária a atuação de um profissional de saúde para a retirada de amostras de nasofaringe. Além disso, o uso da saliva dispensa o uso de swabs para a testagem. A previsão é que o resultado fique disponível entre 30 e 40 minutos.
Agora, o desafio dos pesquisadores é avançar na etapa de padronização do teste, por meio de soluções químicas que permitam manter o vírus estável, sem sofrer a ação de enzimas presentes na saliva. O processo de análise molecular do RT-Lamp é parecido com o PCR, porém, sem a necessidade de extrair o ácido nucleico (RNA, composto “primo” do DNA) das amostras.
Para não encarecer a pesquisa, os cientistas lideram ainda a produção de reagentes químicos no próprio laboratório para não depender de enzimas comerciais importadas. A fim de superar também o entrave da falta de reagentes, o projeto conta com a colaboração do Instituto de Química da USP.
Para Maria Rita Passos-Bueno, pesquisadora do Centro de Estudos do Genoma Humano, o teste de saliva poderá custar 1/4 do valor do RT-PCR, que hoje é precificado nos laboratórios brasileiros entre R$ 350 e R$ 400.
“Simplificar os métodos de coleta e análise impactam na redução dos custos finais do teste. Com isso, amplia-se o benefício para a população que poderá contar com uma opção mais acessível e rápida de testagem”, disse ela na nota da JBS. Um dos objetivos do projeto é oferecer o teste em localidades com pouca infraestrutura para coleta e análise, por meio da inclusão dos laboratórios de referência das universidades para ampliar a capacidade de testagem no país.
As doações para a ciência integram um esforço nacional da JBS de combate à covid-19, por meio do programa Fazer o Bem Faz Bem - Alimentando o Mundo com Solidariedade, que está empenhando R$ 50 milhões para projetos e pesquisas científicas com este foco em todo o Brasil. A seleção de projetos é feita pelo comitê científico do programa, formado por especialistas independentes, e tem como foco áreas de pesquisa sobre o novo coronavírus.
Todos os projetos apoiados são ligados a universidades, como USP, Unesp, UFMG, UFMS, UFPE, UFPI e UFPel; institutos de pesquisa renomados, como Fiocruz; entidades de saúde, como Hospital das Clínicas de São Paulo e Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, além de projetos selecionados em chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Por meio dessa doação, a companhia afirmou que contribui para um avanço tecnológico relevante para o país, que busca o desenvolvimento de um novo método diagnóstico mais simples que o RT-PCR; rápido, e que "dispensaria a aquisição da maioria de insumos importados de maior custo para a realização do teste ou dispensaria a compra da maior parte deles".
“O maior propósito do programa é ajudar a salvar vidas e investir em ciência é um dos melhores caminhos para fazer isto hoje, e assim também deixar um legado permanente para o Brasil”, disse em nota Joanita Maestri Karoleski, gestora do Fazer o Bem Faz Bem.
“Já aprovamos o apoio para 37 estudos e pesquisas brasileiras e estamos trabalhando para selecionar outros projetos que estejam em linha com o diagnóstico de necessidades prioritárias para as diferentes regiões do país.”