A perda equivale ao desmatamento de área de 10 milhões de campos de futebol.
A Mata Atlântica já cobriu 15% das terras no Brasil, mas hoje resta menos de um quinto da floresta de pé. E ainda assim, fragmentada e degradada. A ação humana já fez estragos na biodiversidade e na biomassa de 80% da mata remanescente.
É isso o que aponta um estudo de cientistas brasileiros e europeus sobre a erosão da Mata Atlântica. De acordo com os pesquisadores, a perda equivale ao desmatamento de até 70 mil quilômetros quadrados de floresta - quase 10 milhões de campos de futebol.
“Quanto menor o fragmento de floresta e maior a área de borda, mais fácil é para a pessoas acessarem esses remanescentes e causarem impacto”, observou Renato de Lima, do Instituto de Biociências da USP, que liderou o estudo, à Agência FAPESP.
No passado, a Mata Atlântica chegou a se estender por 1,63 milhão de quilômetros quadrados, principalmente no Brasil (92%), mas também no Paraguai (6%) e na Argentina (2%).
Depois de mais de 500 anos de agressão, dizem os cientistas, sobraram fragmentos de floresta pequenos, alterados e isolados. Cerca de 148 milhões de pessoas vivem hoje nos limites da Mata Atlântica na América do Sul - a ameaça de ações humanas predatórias está sempre por perto.
O pior do desflorestamento aconteceu no século 20, e nas últimas duas décadas o desmatamento diminuiu. Resta agora restaurar a mata. Os créditos de carbono podem dar uma mão.
“Florestas degradadas podem ser vistas não como um ônus, mas como uma oportunidade para atrair investimentos, gerar empregos e, ao mesmo tempo, conservar o que ainda resta da Mata Atlântica”, comentou Paulo Inácio Prado, professor do Instituto de Biociência, outro autor do estudo.
O estudo foi publicado na Nature Communications.
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