O ministro da Ciência e Tecnologia, Israel Vargas, disse ontem no Rio que a indústria farmacêutica do País, incluindo os laboratórios multinacionais aqui instalados, não se preocupa em desenvolver medicamentos para a cura e prevenção de doenças tropicais, porque são vistas "como doenças de pobre, que não pode comprar remédio". O ministro defende que os institutos de pesquisa e universidades do País concentrem esforços na resolução de problemas comuns da população brasileira.
Israel Vargas participou da solenidade de encerramento da "6a Conferência Geral da Academia de Ciência do Terceiro Mundo", realizada no Hotel Rio Palace, em Copacaban, da qual participaram mais de 400 cientistas, de 70 países.
Para o ministro, durante o período colonial, a monarquia portuguesa e a elite do País preocupavam-se com as endemias tropicais, por temerem seus males. "Depois que o Brasil deixou de ser colônia o interesse por essas doenças se perdeu", diz. "A responsabilidade por encontrar formas de prevenção e tratamento para essas doenças é de países como o Brasil".
O chefe de gabinete do ministro, Oscar Klingl, conta que a falta de pesquisa nessa área é tão grande que se desconhece se é possível desenvolver remédios para combater muitas das doenças tropicais, como a malária, a febre amarela e esquistossomose, ou mesmo meios de preveni-las. Na avaliação de Israel Vargas, uma das conclusões tiradas na Conferência é que a principal dificuldade enfrentada pelos países de terceiro mundo na área de ciência e tecnologia é sua própria condição de subdesenvolvimento. Diz que é fundamental o investimento no ensino fundamental, nas universidades e nos centros de pesquisa, para que o País possa progredirem todos os campos.
Outro ponto citado por Israel Vargas de como a ciência deve ser usada para beneficiar o País é na área de meteorologia, no auxílio à agricultura. Diz que o sistema de medição e monitoramento das condições climáticas existente no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) pode ser usado para ajudar os agricultores a evitar os efeitos que o fenômeno El Ninõ tem provocado, como a alta temperatura neste inverno no Brasil.
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Gazeta Mercantil