Notícia

Agência Estado

IPT produz partículas "inteligentes" para uso industrial

Publicado em 20 outubro 1999

Existe um agente biológico capaz de acabar com as lagartas do milho -conhecidas como cartucho - sem contaminar o meio ambiente, nem os alimentos derivados do milho. Este agente biológico nunca pode ser usado nos campos, no entanto, porque não resiste aos raios ultravioleta do sol. Ou não resistia. Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, IPT, de São Paulo, conseguiram encapsular o agente biológico em partículas minúsculas, suficientemente resistentes para protegê-lo contra a radiação e, ao mesmo tempo, suficientemente pequenas e frágeis para serem comida pela lagarta. Ao dissolverem-se em seu organismo, as partículas "inteligentes" matam a praga sem os riscos de contaminação dos agrotóxicos. Este é apenas um dos resultados da tecnologia de microencapsulação, que tem inúmeras aplicações nas indústrias farmacêutica, cosmética, alimentícia e na agroindústria. Partículas "inteligentes", como estas, começaram a ser tornar conhecidas no exterior há poucos anos e agora ganham amplas possibilidades de desenvolvimento também no Brasil, com a inauguração do Laboratório de Tecnologia de Partículas do IPT, na última sexta feira, 15 de outubro. Remédios ou suplementos alimentares, devidamente encapsulados, podem resistir ao meio ácido do estômago e ser absorvidos somente no intestino, aumentando sua eficácia e diminuindo os efeitos colaterais. Suplementos de ferro e cálcio já foram testados pela equipe coordenada por Maria Inês Ré, do IPT, e em breve a tecnologia estará disponível para a fortificação de alimentos. O novo laboratório abrigará os 8 pesquisadores e 10 bolsistas, que já trabalhavam em projetos menores, neste campo, mais 10 novos bolsistas e pesquisadores convidados. Além da microencapsulação, o laboratório vai estudar a cristalização industrial. Ou seja, métodos para sintetizar e purificar materiais para as indústrias farmacêutica, biotecnologica, química e petroquímica. Só para a cristalização de orgânicos (petroquímica) já existe um financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, da ordem de 800 mil reais. "Comprovamos, por exemplo, que algumas soluções - como o sulfato de cobre - tem sua cristalização afetada por campos magnéticos", conta Marcelo Seckler, coordenador da equipe de cristalização. "Isso nos permite explorar o campo magnético para melhorar o desempenho e a pureza de diversos produtos industriais ou tornar os processos mais eficientes". Uma das aplicações desta tecnologia é a redução de incrustações nos encanamentos de indústrias, que utilizam muita água em seus processos. Como a água tem carbonatos de cálcio, aos poucos vão se formando crostas internas nos canos, até o ponto de causar entupimentos. "O interessante é que podemos submeter a solução ao campo magnético e depois continuar o processo industrial normal, que o efeito do magnetismo perdura por um certo período", explica Seckler. Além dos campos magnéticos, o uso do ultrassom também