O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, está construindo um prédio de 8 mil m² no qual realizará estudos em biotecnologia, tecnologia de partículas, micromanufatura e metrologia, áreas ligadas à pesquisa e à produção de materiais em dimensões centenas ou milhares de vezes menores que a espessura de um fio de cabelo.
Em alguns casos, as medidas chegam a nanômetros, isto é, unidades equivalentes à bilionésima parte de um metro. Se as dimensões são mínimas, o potencial econômico dessas tecnologias não é. Segundo levantamento da empresa de pesquisas Lux Research, realizado em 2006, a venda de produtos que incorporem nanotecnologia deve totalizar US$ 2,6 trilhões em 2014. Com o novo centro, o IPT pode ajudar as empresas brasileiras a conquistarem uma fatia desse mercado.
Atualmente, o instituto desenvolve trabalhos conjuntos com diversas companhias nacionais. A lista inclui nomes como Comgás, Vale, Petrobras, Natura, Embraer, Sabesp e Itautec, entre outras. Só com a Petrobras, são atualmente cerca de R$ 70 milhões em projetos contratados.
A parceria do IPT com a companhia vai da avaliação do comportamento de plataformas petrolíferas a estudos sobre a corrosão dos dutos usados no transporte de petróleo. No último caso, a colaboração deu origem a um revestimento que evita acúmulo de substâncias e a corrosão das tubulações. "As pesquisas desenvolvidas no centro de bionanotecnologia certamente poderão ajudar a Petrobras em outros problemas", afirma o diretor presidente do IPT, João Fernando Gomes de Oliveira.
O IPT recebeu do governo do estado de São Paulo R$ 21 milhões para a construção do edifício do centro de bionanotecnologia, mais R$ 25 milhões para a compra de equipamentos. As obras foram iniciadas há cerca de um mês e a previsão é que a unidade fique pronta em meados de setembro de 2010.
Mais recursos
Em 2008, o orçamento do instituto ficou na casa dos R$ 120 milhões, 70% do total levantado pelo próprio IPT por meios da venda de serviços e recebimento de royalties. O restante veio do governo de São Paulo, que também está investindo R$ 122 milhões na entidade no triênio 2008-2010. Esse recurso adicional, fundamental para sua modernização, é novidade na história recente do IPT. Segundo Oliveira, até 2007 o governo estadual não investia na entidade.
Quando necessário, os recursos extras eram buscados junto a órgão de fomento como a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia, geralmente ficavam entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões anuais.
Hoje, a situação do IPT é mais cômoda. Incluindo o dinheiro proveniente de órgãos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Finep, os investimentos obtidos para triênio 2008-2010 já somam R$ 302 milhões. São cerca de R$ 100 milhões por ano.