O Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo completa 110 anos amanhã. E com motivos para comemorar: um aporte de R$ 169 milhões no triênio 2008/09/10, o maior de toda a sua história. Em dezembro próximo, inaugura o Laboratório de Estruturas Leves, em São José dos Campos, no interior paulista, primeiro do País no gênero para projetos aeronáuticos e de setores como o de petróleo e gás.
Eliminar o hiato entre a pesquisa e a inovação é o desafio do Instituto. "Temos uma pesquisa de alta qualidade, comparável à de grandes laboratórios europeus, como os alemães, mas é preciso maior integração de processos para efetivarmos as inovações", resume João Fernando Gomes de Oliveira, presidente da instituição. "O Brasil pode ser mais eficiente em pesquisas, porque um paper gerado aqui custa em média quatro vezes menos que um norte-americano", conta. Doutor em Engenharia Mecânica pela Universidade de Berkeley, na Califórnia (Estados Unidos), ele lembra que o Brasil é atualmente o 13° país em produção de conhecimento no planeta.
Criado em 1899 pelos professores da Escola Politécnica de São Paulo – esta, fundada cinco anos antes, e que mais tarde viria a ser a Poli da USP –, o IPT é hoje uma empresa pública, sociedade anônima com controle estatal, vinculada à atual Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico. Mas seu presidente garante ter 100% de autonomia para a gestão: "Esta, aliás, é uma das marcas do Instituto ao longo de sua história: autonomia, para assim ter uma atuação eminentemente técnica e respeitável".
Patentes
Sua relação com o desenvolvimento é atávica. Participou da criação do Metrô paulistano, das hidroelétricas de Itaipu, de Sobradinho e da Rodovia dos Imigrantes, entre tantos outros projetos. Em 110 anos de história, registrou 65 patentes internacionais, com destaques para as áreas química e engenharia de materiais (metalurgia, em especial). Hoje tem atuação destacada também nas áreas de engenharia naval, madeira, geologia, tecnologia ambiental, normalização e qualidade industrial, informação tecnológica, informática e educação de nível superior.
O espírito de parceria é muito forte no IPT. Com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo, assinou contrato de R$ 27,5 milhões este ano para a implantação do Laboratório de Estruturas Leves (LEL) junto ao centro aeronáutico do País. "Nós iremos gerenciar o Laboratório, pioneiro no Brasil, que tem ainda como parceiros Embraer, ITA, USP, Unesp e Unicamp e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), além da prefeitura local, que nos cedeu a área no Parque Tecnológico de São José dos Campos", explica João Fernando, acrescentando que o IPT tem expertise em testes de rigidez de materiais. No caso deste Laboratório, o desafio é produzir materiais de alta rigidez com a maior leveza possível.
Terceirização
O Plano Diretor do IPT S.A. permitiu a transformação de 1,5 km de área (de extensão), dentro da Cidade Universitária, em verdadeiro canteiro de obras. O objetivo é a remodelação e a readequação de prédios para atender as empresas parceiras. E a ideia é disponibilizar espaço e tecnologia para empresas que queiram instalar suas áreas de Pesquisa & Desenvolvimento no campus do instituto. "Estamos em um dos maiores núcleos de pesquisa do País, ao lado da USP, InMetro etc", justifica o presidente.
No plano trienal de investimentos, o orçamento contemplou R$ 25 milhões para 2008 (oriundos do governo estadual). Para este ano houve aporte de mais R$ 57 milhões do estado, R$ 27,5 milhões do BNDES para o Laboratório de SJC (a fundo perdido), e mais R$ 19 milhões, também do banco, para outros projetos (entre os quais o de Desenvolvimento de Tecnologias para Descontaminação do Solo, em parceria com o DAEE). Para 2010 a previsão orçamentária é de mais R$ 40 milhões.