Notícia

Gazeta Mercantil

IPEN importa radioisótopo tálio-201 da Bélgica

Publicado em 18 janeiro 1996

Por Juliana Almeida - de São Paulo
A partir do dia 5 de fevereiro, o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) estará distribuindo o tálio-201, radioisótopo importado da Bélgica. Este radioisótopo é usado mundialmente nos exames de cardiologia para verificar obstrução de artérias e existência de lesões. A solução radioativa é injetada no paciente e permite ao equipamento específico para este exame fazer imagens do coração e detectar possíveis problemas. O material será importado da Bélgica para atender à demanda de laboratórios e institutos médicos, que estavam com dificuldade em obtê-lo diretamente do produtor. De acordo com o diretor do serviço de radioisótopos do Incor, Cláudio Meneghetti, o instituto vem importando o tálio-201 há algum tempo, mas com as dificuldades resultantes de se manipular um material radioativo. "O tálio vai se desintegrando. A cada 73 horas, o elemento decai à metade", explica o médico. Meneghetti acredita que, com a distribuição feita pelo IPEN, mais laboratórios brasileiros terão acesso às novas tecnologias da medicina nuclear. A chefe da coordenadoria de processamento de material radioativo do IPEN, Constância Pagano Gonçalvez da Silva, ressalta que o instituto da USP tem o equipamento necessário para transporte de material radioativo. Assim, os consumidores do tálio-201 não terão de enfrentar problemas na alfândega e os preços também deverão ser mais baixos. O IPEN ainda não definiu a quantidade de material a ser importado. "Depende do volume de pedidos por parte dos médicos", afirma Silva. O médico do Incor prevê uma demanda de quinhentos exames semanais, o equivalente a 1,5 Curie (cada exame demanda 3 miliCuries de tálio-201). Meneghetti acredita que o consumo do radioisótopo aumente à medida que os benefícios desses exames sejam divulgados. Segundo ele, apenas as cidades de médio e grande porte possuem laboratórios que fazem exames utilizando o material radioativo. "Com o uso do tálio-201 é possível examinar tanto a parte funcional do coração quanto a metabólica", explica o médico. Com isso, será possível diferenciar os pacientes que precisarão de um transplante - porque o músculo do coração não resistiu a um enfarte, por exemplo - daqueles que poderão ser submetidos a outros tratamentos, como a angioplastia, acrescenta Meneghetti.