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IPBES lança relatórios sobre o status da biodiversidade

Publicado em 19 fevereiro 2018

Cinco novos relatórios sobre o status da biodiversidade no planeta serão divulgados em março, na Colômbia, durante a 6ª Reunião Plenária da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Essa entidade foi criada em 2012 e tem como missão de sistematizar o conhecimento científico sobre o tema e, assim, subsidiar decisões políticas em âmbito internacional.

O evento será realizado em Medelín, de 17 a 24 de março. Entre os participantes estará Carlos Alfredo Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador do programa BIOTA-FAPESP e membro do Painel Multidisciplinar de Especialistas (MEP) da IPBES. Também estará presente a pesquisadora Cristiana Simão Seixas, do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp.

“Será debatida e aprovada uma avaliação global temática sobre Degradação e Restauração de Áreas Degradadas, além de quatro avaliações regionais sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – uma com foco nas Américas, outra na África, a terceira na região da Europa e Ásia Central e, a última, Ásia e Pacífico”, explica Joly.

Os relatórios regionais servirão de base para o primeiro Diagnóstico Global sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos, previsto para 2019 – documento que deverá orientar a tomada de decisão em todas as convenções da área. Seixas, da Unicamp, integra a equipe que coordenou o Diagnóstico Regional das Américas.

Além dos relatórios na íntegra, também serão divulgados em março os sumários para os tomadores de decisão – tanto políticos na área pública como gestores ambientais no setor privado. Esses resumos serão elaborados com uma linguagem acessível a um público mais amplo.

Contribuições da Natureza

De acordo com Joly, todos os documentos divulgados pela IPBES a partir de 2018 terão como base um novo conceito denominado (Contribuições da Natureza para as Pessoas ou NCP, na sigla em inglês), detalhado por cientistas ligados à plataforma em artigo publicado em janeiro, na revista .

Trata-se de uma evolução do conceito de “serviços ecossistêmicos”, introduzido originalmente em 2005, no relatório .

“Naquela ocasião, foram definidos como serviços ambientais ou ecossistêmicos todos aqueles benefícios que a humanidade obtém da natureza direta ou indiretamente, como polinização, purificação da água e do ar, fertilização dos solos e dispersão de sementes. Essa abordagem permitiu atribuir valores para esses serviços. Por exemplo, a polinização no Estado de São Paulo valeria, no mínimo, o equivalente ao ganho monetário com a produção de laranja – que depende integralmente dos polinizadores”, explicou Joly.

Os serviços ecossistêmicos foram divididos em quatro categorias: serviços de provisão (produtos como alimentos, água doce, fibras, compostos químicos, madeira); serviços de regulação (processos naturais que regulam as condições ambientais, como absorção de dióxido de carbono pela fotossíntese das florestas, controle do clima, polinização de plantas, controle de doenças e pragas); serviços de suporte (contribuem para a produção de outros serviços ecossistêmicos, como ciclagem de nutrientes, formação do solo, dispersão de sementes); e serviços culturais (relacionados a benefícios recreacionais, educacionais, estéticos e espirituais).

Joly ressalta, no entanto, que no Brasil a valoração dos serviços ecossistêmicos na elaboração de políticas públicas ainda é algo embrionário. “Estamos tentando fazer avançar uma legislação que reconheça a importância, por exemplo, de manter paisagens conservadas ao lado de áreas cultivadas e outras questões associadas à preservação dos serviços ecossistêmicos”, disse.