Entre 7 e 14 de agosto, a especialista ambiental Maria Luísa Palmieri, do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA), realizou viagem a campo para Salinópolis, no estado do Pará. A visita aconteceu no âmbito do projeto “ Increasing local preparedness to Sargassum tides in the Amazon and the Mexican Caribbean through enhanced monitoring and blue economies ” (“Melhorando a preparação local para as arribadas de sargaço na Amazônia e no Caribe Mexicano através do monitoramento aprimorado e das economias azuis”, em tradução livre), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). (Processo nº 23/12355-0)
O sargaço é uma macroalga marrom nativa do Oceano Atlântico tropical que naturalmente fornece abrigo e áreas de alimentação para muitas espécies marinhas. No entanto, desde 2011, quantidades sem precedentes dessas algas arribaram nas costas de muitos países, com quantidades ainda maiores esperadas nos próximos anos devido às alterações climáticas. Essas quantidades enormes de sargaço estão causando problemas climáticos (pela emissão de gases do efeito estufa), de saúde (pode gerar gases nocivos à saúde durante sua decomposição), ecológicos (pode desiquilibrar todo o ecossistema marinho) e econômicos (afetando o turismo e a pesca). O objetivo do projeto de pesquisa é reduzir esses impactos negativos através da criação participativa de um sistema de gestão de sargaço com as comunidades de Salinópolis e Mahahual (México), gerando as capacidades necessárias para uma gestão holística, incluindo o monitoramento e valorização do sargaço, apoiando as economias azuis locais, os meios de subsistência e a saúde do ecossistema.
Nesse contexto, Maria Luísa é responsável pela pesquisa “Avaliação da influência de uma exposição imersiva como ferramenta de educação ambiental sobre mudança climática e aumento no sargaço”. Sua visita técnica teve como objetivo conhecer a área de estudo (o município paraense) e iniciar os contatos com os atores locais. “A ideia é desenvolver, de forma participativa, uma exposição imersiva com os resultados que forem sendo gerados no projeto, bem como analisar, por meio de questionários, o processo de construção e os resultados da exposição, de modo a discutir os caminhos para a construção participativa de exposições que possam ser desenvolvidas em outros locais do Brasil e do mundo”, explica.
Vânia Massabni, professora da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e responsável pela área educacional do projeto, comenta sobre este trabalho desenvolvido em colaboração com escolas do Pará, estado que sediará a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), evento que tornará o Brasil foco do mundo todo na discussão sobre o clima. “Conhecer a realidade é fundamental para que as atividades preparadas sejam bem sucedidas, tanto em termos de conscientização do público para os problemas ambientais relacionados ao sargaço como para engajar e motivar professores e estudantes para as atividades”.
O próximo passo do projeto educacional será a realização de um workshop online entre setembro e outubro para abordagem da problemática do sargaço e construção coletiva de ideias para a exposição imersiva, que deverá ser realizada em dois momentos: no início de 2025 uma primeira versão, com os resultados parciais, e em 2026, com os resultados que forem obtidos até lá e os trabalhos dos estudantes das escolas de Salinópolis. Além das exposições imersivas principais, deverão ser realizadas exposições itinerantes, bem como outras atividades educativas sobre o tema.