Notícia

Gazeta Mercantil

Investir em tecnologia

Publicado em 30 junho 1997

Por Guillermo Piernes - Brasília
O alinhamento do Brasil em blocos econômicos é um dos motores para que o próximo milênio encontre mais da metade das empresas do maior sócio do Mercosul duplicando seus investimentos em tecnologia. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) fez um estudo sobre a demanda do setor privado por investimentos em tecnologia entre 1997-2001, divulgado na semana passada, mostrando que 52% das 1.012 empresas estudadas investem menos de 2% do seu faturamento líquido em tecnologia, 22% entre 2 e 5% e 14% mais de 5%. Mas o dado alentador é que, nos próximos quatro anos, duplicará o número de empresas que investirão mais de 2% da sua renda líquida em tecnologia. As empresas brasileiras dão prioridade à aquisição de máquinas e equipamentos (89%), ao lançamento de novos produtos no mercado (79%), à capacitação e ao treinamento de recursos humanos (77%) e ao desenvolvimento de processos e de produtos (57%) em, uma clara demonstração de que a maioria das empresas procura modernizar o seu parque industrial, segundo o estudo. O presidente da CNI, Fernando Bezerra, disse que "a crescente globalização da economia, o alinhamento das nações em um contexto de blocos econômicos" são os fatores que exigem uma constante evolução tecnológica e que, no caso do Brasil, é imprescindível a ação privada e governamental coordenadas para enfrentar o desafio. O governo brasileiro recentemente concluiu as negociações com o Banco Mundial, para aplicar US$ 600 milhões em um programa de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico. Durante a década de 80, as despesas brasileiras em atividades de ciência e tecnologia representaram cerca de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB), quando essa porcentagem oscila entre 2 e 3% entre os países industrializados. Nos países industrializados ocidentais, as empresas respondem por cerca de 40% dos recursos investidos em ciência e tecnologia, e essa participação chega a 70 e 80% no Japão e na Coréia do Sul, respectivamente. Os planos brasileiros são de elevar para 1,5%, em 1999, as despesas com ciência e tecnologia, como informou o ministro da Ciência e Tecnologia, José Israel Vargas. A maioria das empresas brasileiras, quase 60%, emprega recursos próprios para desenvolver tecnologias.