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Agência C&T (MCTI)

Investimentos e acordos na área espacial tornam Brasil mais competitivo (1 notícias)

Publicado em 14 de julho de 2008

O novo supercomputador terá capacidade de processamento quase 60 vezes maior do que as versões que o Inpe dispõe atualmente

O anúncio da compra de um dos mais poderosos supercomputadores do mundo para pesquisa em mudanças climáticas e da cooperação entre Brasil e Reino Unido para equipar o satélite brasileiro de observação da Terra Amazônia-1 foi feito nessa segunda-feira (14) ao final da conferência sobre a política nacional de ciência, tecnologia e inovação, apresentada pelo ministro da Ciência e Tecnologia (MCT), Sergio Rezende. As duas notícias, anunciadas no primeiro dia da 60ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foram comemoradas por pesquisadores, representantes de instituições de pesquisa e entidades parceiras envolvidas com a ciência brasileira.

O investimento de R$ 35 milhões pelo Ministério é o maior montante que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT) já recebeu para comprar um supercomputador, lembrou o diretor da instituição, Gilberto Câmara. "Esse investimento demonstra o compromisso dos órgãos de pesquisa brasileiros – e do MCT em particular – com medidas concretas para entender e oferecer soluções relacionadas às mudanças climáticas", observou o diretor do Inpe. Gilberto Câmara explicou que o novo supercomputador dará ao País a possibilidade de desenvolver seu próprio modelo climático e, ao entender melhor o impacto das mudanças climáticas em seu território, abrir caminhos para que políticas públicas sejam elaboradas para diminuir os efeitos sociais, ambientais e econômicos do aquecimento global. "O Brasil é um dos países mais prejudicados pelas mudanças climáticas", lembrou Câmara. A Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp) investiu mais R$ 13 milhões no projeto.

O novo supercomputador, que começa a funcionar em 2009, terá capacidade de processamento de 15 TFlops (15 trilhões de operações matemáticas por segundo), o que corresponde a uma capacidade quase 60 vezes maior do que a dos supercomputadores que o Inpe dispõe até então. A nova aquisição permite ainda uma melhora importante nas previsões de tempo do Instituto, com modelos regionais cuja resolução chegará a 10Km. O investimento para a compra desse equipamento faz parte das prioridades previstas no Plano de Ações 2007-2010 (PAC CT&I), apresentado na manhã dessa segunda-feira (14) pelo ministro Sergio Rezende.

Cooperação internacional

Ainda na área espacial, o ministro anunciou realização do projeto de cooperação espacial entre Brasil e Reino Unido para incluir uma câmera britânica no satélite brasileiro de observação da Terra Amazônia-1. Participam da cooperação o Inpe e o Rutherford Appleton Laboratory - Science & Technology Facilities Council (RAL-STFC).

Associado aos satélites da série CBERS (China Brazil Earth Resources Satellite), o Amazônia-1 produzirá imagens com maior freqüência e maior definição, adequadas para monitorar o ambiente e gerenciar recursos naturais. Essas imagens podem ser utilizadas em todo o mundo, conforme a opção do governo brasileiro de adotar uma política de dados livres, considerados bens públicos e disponibilizados gratuitamente pela internet.

"Não fazemos parte do G8, mas estamos nos projetando no mundo como uma potência ambiental; uma nação pacífica que coloca a ciência a serviço da sociedade civil", avalia o diretor do Inpe. Ele explicou que a câmara RALCam-3 produzirá imagens com resolução da superfície terrestre  de cerca de 12 metros e com 110km de campo de visada. A tecnologia a ser por ela utilizada é inédita em satélites brasileiros e permitirá a geração de imagens com maior definição, aptas, por exemplo, a monitorar o meio ambiente e prover a gestão de recursos naturais. 

O satélite Amazônia-1, com lançamento previsto para 2010, será o primeiro satélite de recursos terrestres totalmente desenvolvido pelo Brasil e utilizará a Plataforma Multimissão-PMM, de médio porte, também desenvolvida pelo Inpe e por indústrias brasileiras, no contexto do Programa Nacional de Atividades Espaciais (Pnae), coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB). O Amazônia-1 carregará, igualmente, um instrumento óptico com resolução espacial de 40 m e capacidade de imageamento de uma faixa de 780 km.