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Agência C&T (MCTI)

Investimento na produção deverá somar R$ 7,9 milhões

Publicado em 27 abril 2008

Durante seis anos, o governo federal manteve um rede de pesquisas em hemoderivados com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Além da pesquisa do Núcleo de Terapia Celular e Molecular (Nucel), a USP de Ribeirão Preto e a Universidade de Brasília (UnB) faziam parte dessa rede, que foi desfeita em 2007.

A bióloga do Nucel, Mari Cleide Sogayar, esperava outro desfecho para a pesquisa. Ela acredita que a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), que será construída em Pernambuco, poderia utilizar os processos desenvolvidos pela rede de pesquisadores para a fabricação do coagulante.

"Esperávamos que o governo federal mantivesse essa rede e o resultado fosse apresentado para a Hemobrás ou outra empresa particular", diz. Hoje, a maior parte do financiamento vem da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). "Se tivermos apoio, vamos melhorar ainda mais o produto", completa a pesquisadora.

A Hemobrás, no entanto, já tem um projeto para a produção do fator 8 recombinante desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), R$ 7,2 milhões serão investidos no projeto. A Hemobrás investirá outros 700 mil. De acordo com a assessoria de imprensa da estatal, o projeto da UFRJ foi escolhido por ser o único que não tinha financiamento de órgãos de fomento à pesquisa.

O fator 8 recombinante deve diminuir um pouco as dificuldades dos cerca de 7 mil pacientes hemofílicos no Brasil - assim que estiver acessível. Os sangramentos são freqüentes na vida dessas pessoas. Nas articulações de mãos, braços e pernas, os ferimentos surgem naturalmente, sem causa externa. Além disso, os sangramentos internos também são comuns. "Antigamente, cada hemofílico tinha direito a 30 mil unidades por ano do coagulante", diz o vice-presidente da Federação Brasileira de Hemofilia (FBH), Gilson da Silva. "Agora, o medicamento é muito difícil de ser encontrado". (ES)