O Brasil terá quatro backbones (redes físicas com as linhas que compõem a Internet) operando no País, já a partir de outubro. Além das redes governamentais - os backbones da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) e da Embratel - já estão sendo criados backbones do Banco Rural e da Unisys.
O Banco Rural aproveitou a estrutura que montou em todo o País, para a transmissão de dados entre as agências, para o seu serviço de Internet. As informações da Net trafegam junto com os dados bancários. A diferenciação do tráfego é possível porque a Internet utiliza um protocolo (padrão) de comunicação distinto do banco. Ao todo, são 29 linhas privativas, arrendadas da Embratel, interligando todas as capitais do País a 64 quilobits por segundo (Kbps). Apenas Campo Grande, Londrina, Cascavel e Juiz de Fora usam linhas de 19,2 Kbps. A conexão externa é de 64 Kbps, indo até a Embratel.
A rede do Rural já está operando em quatro capitais: Belo Horizonte, São Paulo, Rio e Fortaleza. O usuário doméstico paga R$ 40 mensais por 20 horas de acesso à Net, mais R$ 2 pela hora adicional.
O diretor de tecnologia do banco, Roberto Rigotto Gouvêa, revelou que o Rural está postulando uma parceria com a Microsoft para montar a Microsoft Network. A MS, contudo, não confirma os entendimentos, embora exija de seu parceiro uma rede com presença nacional.
A RNP garantiu que todas as linhas de seu backbone estarão instaladas até 30 de setembro, para o início de operações em outubro. Até a semana passada, contudo, todas as linhas do backbone da RNP continuavam operando a 64 Kbps ou 9,6 Kbps. Tampouco havia sido instalada a conexão externa da RNP para o EUA. O tráfego dos dados de toda a área acadêmica no Brasil, exceto o Rio e Espírito Santo, continuava sendo feito pelas linhas da Fundação de Amparo à Pesquisa do ESTADO DE SÃO PAULO (Fapesp).
A RNP também mudou o plano original de seu backbone. As linhas que partiriam para Fortaleza e Recife agora sairão do Rio e Brasília, respectivamente. Houve uma troca. O plano original previa que a linha para Fortaleza saísse de Brasília. O objetivo é aprimorar o tráfego entre grandes centros de meteorologia em São Paulo e no Ceará.
A Unisys inaugurará seu backbone dia 1° de outubro. Inicialmente, terá uma linha de 256 Kbps entre São Paulo e Rio, com mais 20 linhas de 64 Kbps em cada capital, conectando empresas por linhas dedicadas. Haverá, ainda, uma linha externa para a Embratel, de 512 Kbps. A expansão do backbone ocorrerá conforme a demanda. No início, a Unisys oferecerá acesso a usuários finais ou conectará empresas, por linha dedicada ou pelo sistema LAN Dial (a companhia recebe endereço fixo na rede, mas se conecta por linha discada).
USUÁRIOS PROTESTAM CONTRA OS PREÇOS DA EMBRATEL
A Embratel já distribuiu aos seus clientes uma carta em que divulga os preços de conexão tipo IP discado (para usuários domésticos) à Internet. A estatal cobrará R$ 48 de assinatura mensal, com direito a 15 horas de conexão, mais R$ 3 para cada hora adicional de uso, além de uma taxa de inscrição de R$ 35.
A empresa deu dez dias, após a distribuição da carta (datada de 15 de agosto), para os usuários pedirem desconexão de seu serviço, caso não concordem com os preços. As tarifas são válidas a partir de 1° de setembro.
Os usuários da rede, que desde a fase experimental dos serviços não pagam nada pela conexão, iniciaram uma onda de protestos na Internet contra as tarifas. "Foi bom estar com vocês, já pedi o meu cancelamento", afirmou Paulo Tollini, em mensagem postada no newsgroup (fórum de discussões) soc.culture.brazil, que reúne assuntos relacionados ao Brasil.
"Realmente, estão querendo meter a mão no nosso bolso", respondeu Emmanuel Pereira. "Esta é a primeira vez que posto mensagem aqui e deve ser uma das últimas." Pereira também criticou a cobrança de uma taxa de inscrição para um serviço que terá "apenas quatro meses de uso".
A crítica é motivada pelo comunicado da Embratel de que as senhas de usuários domésticos serão canceladas em 31 de dezembro. A empresa diz que os usuários da modalidade IP discado devem contatar "outros provedores de acesso" se quiserem continuar os serviços, depois de 31 de dezembro.
A decisão da estatal decorreu de uma determinação do Ministério das Comunicações, que proibiu as empresas telefônicas de prestarem serviços de Internet no varejo (para usuários finais).
A assessoria de imprensa da Embratel não divulgou o número de usuários que serão desconectados em dezembro. Até maio, a estatal havia ligado 250 pessoas, mas há informações de que o número total tenha chegado a 3,5 mil usuários, antes das restrições ao serviço.
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP)