Junção de pesquisadores das áreas de ciências exatas e da saúde, com apoio de poder público e iniciativa privada, coloca Minas Gerais no cenário da inteligência artificial em saúde
Imagine ser capaz de prever a ocorrência de epidemias muito antes que elas emerjam como um problema identificado pelos gestores de saúde, a partir do alerta de uma inteligência não-humana capaz de rastrear milhares de registros em prontuários de saúde, ou em milhões de conversas públicas em redes sociais, e identificar neles padrões de alterações epidemiológicas não humanamente observáveis no dia-a-dia do atendimento em saúde.
Pois um centro estruturado com objetivo de “prever processos latentes de doenças com alta probabilidade para fazer intervenção precoce e evitar o início da doença” acaba de ter sua criação anunciada na UFMG, em associação com oito instituições de ensino superior das regiões Sudeste, Sul e Norte do país.
O Centro de Inovação em Inteligência Artificial em Saúde (CIIA – Saúde) vai se dedicar à pesquisa da inteligência artificial para a atuação na prevenção e qualidade de vida; diagnóstico, prognóstico e rastreamento; medicina terapêutica e personalizada; sistemas de saúde e gestão; e epidemias e desastres. É um dos cinco centros dedicados à pesquisa e aplicação das potencialidades da aplicação da inteligência artificial para os problemas enfrentados pela sociedade brasileira selecionados, no último mês,?pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MICTI), Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, (Fapesp) e Comitê Gestor da Internet do Brasil (GCI.BR) para financiamento.
O centro é resultado do encontro de duas áreas em que a UFMG é reconhecida como produtora de pesquisa e de conhecimento de ponta – as ciências exatas e a saúde. A iniciativa?reúne pesquisadores de?várias unidades, como o Instituto de Ciências Exatas (Icex), as?faculdades de Medicina e de Ciências Econômicas, as?escolas de Engenharia e Enfermagem e teve apoio da Fundep para a estruturação que permitiu a participação no edital que resultou em sua seleção.
“A Fundep articulou vários atores do sistema de inovação de ciência e tecnologia para apoiar a UFMG na criação do centro. Levantamos empresas que pudessem aportar recursos iniciais ao Centro, como a UnimedBH, ajudamos a refletir sobre o conceito da iniciativa, fizemos a gestão dos recursos iniciais para a estruturação do centro, que vieram da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais), e somamos esforços na redação do projeto. Foram articulações semanais com os pesquisadores e outros atores para que a UFMG tivesse um forte projeto concorrente no edital”, explica a analista Priscila Maria Teixeira Gonçalves.
Tríplice hélice
Pelos próximos cinco anos, o projeto receberá?recursos de R$ 15 milhões – R$ 5 milhões por meio de?chamada lançada por MCTI, Fapesp e GCI.BR., e?R$ 10 milhões?aportados por?Unimed-BH, Kunumi, Intel e Grupo Splice. O centro também conta com apoio do governo do Estado de Minas Gerais. Presente à cerimônia de lançamento do Centro, o vice-governador Paulo Brant afirmou que proposta do CIIA-Saúde é sustentada?na tríplice hélice: “academia forte, empresas e apoio institucional do governo”. Ele ainda acrescentou que “certamente, ele terá um caráter transformador, com a união entre inteligência artificial e ciências da saúde, áreas em que Minas Gerais é muito forte”.?
A reitora da UFMG, professora Sandra Regina Goulart Almeida, destacou que uma das prerrogativas do edital era que os concorrentes tivessem robustez científica e apoio do poder público e do setor privado, o que ficou bem demonstrado com a parceria desde o nascimento do projeto, “quando o governo do Estado logo se colocou ao nosso lado, como parceiro de primeira hora da UFMG, e também cinco empresas que estão conosco para nos permitir montar esse centro num momento em que precisamos tanto de inovação no campo da saúde, como uma forma de o Sistema Único de Saúde (SUS) ter condição de atender um maior número de pessoas e com mais qualidade”, destacou.
As principais aplicações da Inteligência Artificial (IA) na área da saúde incluem suporte para diagnóstico e decisão clínica, monitoramento de pacientes, dispositivos automatizados para auxiliar cirurgias e o?atendimento ao paciente e gerenciamento de sistemas de saúde. Também estão incluídos nesse rol a mineração de mídias sociais para inferir possíveis riscos à saúde, aprendizado de máquina para prever risco em pacientes e robótica para apoiar cirurgias.?
Os idealizadores do projeto partem do princípio de que a trajetória de vida dos indivíduos é um?continuum, em que várias doenças são determinadas mais cedo. Assim, o projeto do Centro é estruturado com o objetivo de prever processos latentes com alta probabilidade de sucesso da?intervenção precoce para evitar o início da doença.
Confira na reportagem da TV UFMG as entrevistas de dois dos coordenadores do centro, professores Wagner Meira, do Departamento de Ciência da Computação (DCC) e?Antônio Luiz Pinho?Ribeiro, da Faculdade de Medicina,?que explicam os diferenciais da iniciativa:
Além da UFMG, que sediará o Centro em instalações no prédio da Unidade Administrativa II, no campus Pampulha, o projeto integrará esforços das áreas de ciências exatas e da saúde empreendidos por nove instituições de ensino superior das regiões Sudeste, Sul e Norte do Brasil?em parceria com quatro empresas das áreas de saúde, tecnologia e educação (Unimed-BH, Kunumi, Intel e Grupo Splice). Ele também deverá fomentar intensa atividade internacional, por meio da colaboração com pesquisadores e instituições de excelência na pesquisa em IA e saúde.
Com informações do Portal UFMG