Utilizando, de forma integrada, os conceitos de bioengenharia de solo e serviços ambientais, o Laboratório de Recursos Hídricos e Avaliação Geoambiental - LabGeo e a Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas - IPT estão desenvolvendo uma pesquisa para recuperar áreas degradadas pela mineração (pedra, areia e calcário).
Para Amarillis Lúcia Casteli Figueiredo Gallardo, pesquisadora do Centro de Tecnologias Ambientais e Energéticas - CETAR, do IPT, a integração dos conceitos é algo inédito e deverá resultar em uma patente ao Instituto. "Normalmente, essas técnicas são utilizadas na recuperação de rodovias e margens de rios. Seu uso para recuperar áreas degradadas por mineração é inédito", conta a pesquisadora.
O estudo, intitulado "Recuperação de áreas degradadas de mineração, associando técnicas de bioengenharia de solos com geração e manutenção de serviços ambientais", é resultado do acordo de cooperação entre a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e a Companhia Vale. Além da FAPESP e da Vale, parte do financiamento é do próprio IPT e do Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Mineração - Comin da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP.
Cerca de 250 terrenos - economicamente inativos - localizados na região metropolitana de São Paulo já foram selecionados pelo Instituto como os principais alvos do projeto, cuja recuperação por empresas mineradoras está regulamentada, desde 1989, pelo Decreto Federal 97.632, que objetiva a implantação do Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - Prad ao término da exploração mineral. "O nosso projeto pretende extrapolar a prática convencional de recuperação dessas áreas, promovendo também a sustentabilidade ambiental", diz Gallardo.
Recuperação sustentável
No projeto, a aplicação de técnicas de bioengenharia de solos visa não só recuperar áreas utilizando as espécies convencionais (gramíneas e eucaliptos), mas priorizar o uso de espécies nativas. "Em vez de espécies exóticas, vamos priorizar o uso de espécies mais comuns, proporcionando uma abordagem mais sustentável para a atividade de mineração", diz Caroline Almeida Souza, pesquisadora da Seção de Sustentabilidade de Recursos Florestais do IPT. O método ainda poderá ser aplicado em outras regiões do País, em contextos minerários similares e, após novos estudos e adaptações, também atingirá outras atividades mineradoras.