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Instituto Oceanográfico vai estudar os impactos da poluição global e das mudanças climáticas no Oceano Atlântico

Publicado em 10 junho 2019

Pesquisadores do IO (Instituto Oceanográfico, da Universidade de São Paulo), iniciará uma expedição para estudar os impactos da poluição global e das mudanças climáticas no Oceano Atlântico Sul.

Um grupo de 19 pesquisadores brasileiros e estrangeiros iniciam a expedição no próximo dia 14, à bordo do navio oceanográfico Alpha Crucis. A pesquisa Samba integra o projeto Samoc(South Atlantic Meridional), iniciado em 2011.

A expedição é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e conta com o apoio da Marinha do Brasil, da Capitania dos Portos de São Paulo e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária de Santos).

Os pesquisadores vão permanecer em alto mar num trecho do oceano entre Brasil, Argentina e Uruguai para medir correntes marítimas e temperaturas, usando telemetria, imagens de satélite, equipamentos de fundeio – são lançados no mar e recuperados no ano seguinte –, analisando os dados a mais de 4 mil metros de profundidade para avaliar a circulação profunda.

Além da circulação da água, serão observados o oxigênio, os nutrientes, propriedades química e o carbono. A obtenção destes dados no mesmo lugar permite analisar os efeitos do impacto global sobre a economia azul (que reúne as atividades relacionadas aos oceanos e a seus recursos), impactos na área costeira e atividade portuária, como a presença de ventos extremos, ressacas e aumento do nível do mar. Os pesquisadores retornam no dia 28 de junho.

SAMOC

O Programa SAMOC (South Atlantic Meridional Overturning Circulation) é uma iniciativa internacional cujo objetivo geral é entender e observar trocas interoceânicas e o transporte meridional de massa e calor através de uma seção transversal ao longo de 34.5S, no Atlântico Sul. O programa geral do SAMOC requer a observação das Correntes de Contorno, próximas ao talude continental da América do Sul e da África.

As expedições feitas pelo IO é parte da contribuição brasileira, através de projeto homônimo (SAMOC), coordenado pelo Instituto Oceanográfico da USP e financiado pela FAPESP. Nas expedições anteriores os pesquisadores contaram também com a colaboração dos Projetos SAM (NOAA), INCLINE (USP/NAP), INCT-Mar-COI, INCT-MC (CNPq) e SACC-CRN3 (IAI), que forneceram recursos complementares e permitiram a participação de cientistas do Laboratório Oceanográfico e Meteorológico (AOML) da National Oceanographic and Atmospheric Administration (NOAA), dos EUA, da Universidade de Buenos Aires, Argentina, da Unversidade Federal do Rio Grande (FURG) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Alpha Crucis

Inaugurado no dia 30 de maio de 2012, a principal embarcação de pesquisa oceanográfica do país leva o nome da estrela mais brilhante da constelação do Cruzeiro do Sul. A estrela ainda representa o estado de São Paulo na bandeira do Brasil.

O Alpha Crucis foi adquirido através do Programa de Equipamentos Multiusuários (EMU), uma das modalidades do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa no Estado de São Paulo, mantido pela FAPESP desde 1995.

Com 64 metros de comprimento e 11 metros de largura, o navio opera com uma tripulação de 19 pessoas e 21 pesquisadores e tem capacidade para deslocar 972 toneladas. Além disso, está equipado com instrumentos de pesquisa e de navegação de ponta.

A autonomia (até 70 dias) permite viagens transoceânicas, o que é um salto em relação a seu antecessor, o navio Professor W. Besnard, cuja autonomia era de 15 dias. O navio W. Besnard foi desativado e encontra-se no porto de Santos. A prefeitura de Ilhabela teria manifestado interesse em afundá-lo em sua costa para transformá-lo em atração para mergulhadores, mas o processo teria sido cancelado.

O navio Alpha Crucis de concepção moderna e equipamentos de última geração é dotado de dois motores e um sistema que permite mantê-lo parado em alto-mar, propiciando estudos mais acurados sobre o ambiente marinho.