O Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (Ipen) da Universidade de São Paulo desenvolveu um novo modelo de irradiador gama de grande porte, que promete reduzir custos e aumentar a produtividade.
Até agora, os irradiadores usados no Brasil vêm do Canadá e dos Estados Unidos. Apenas a máquina, descontando-se os custos com a infra-estrutura, custa hoje cerca de US$2 milhões. Com o novo irradiador, a economia seria de mais de 50%.
A grande inovação é que, diferentemente dos outros, ele não exige que a máquina seja reiniciada a cada série de produtos. O processo contínuo do irradiador aumenta a produtividade e eleva a capacidade de uso em 20% em relação aos já existentes no mercado. O seu tamanho compacto também apresenta uma vantagem. Calcula-se que a vida útil de uma máquina dessa seria de, no mínimo, vinte anos. Segundo Paulo Rela, pesquisador responsável do Ipen pelo projeto, o irradiador seria usado para a esterilização de materiais inédico-cirúrgicos descartáveis, na indústria farmacêutica e de cosméticos. O processo não deixa resíduos, diferente do método tradicional que usa óxido etileno. Mas o seu destaque seria no agrobusiness. No caso do processamento de especiarias, a contaminação por microorganismos é inevitável. Com o uso do irradiador, a recuperação de alimentos, entre eles, frutas frescas e secas, seria possível. Isso beneficiaria o Brasil nas exportações, eliminando as barreiras higiênico-sanitárias. Além disso, o método não emite poluentes. Rela afirma que o processo é químico, o que não torna o produto radioativo, sendo por isso altamente seguro.
A tecnologia desenvolvida pelo Ipen é inédita no mundo. O Instituto já solicitou o pedido da patente e tem a licença da Comissão Nacional de Energia Nuclear e da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) para o uso do irradiador. O desenvolvimento do projeto levou dois anos e meio para ser concluído e foram investidos R$1.7 milhão, os quais foram financiados pela Fapesp e pelo próprio Ipen. Rela afirma que até o final deste ano a tecnologia deve estar disponível para as indústrias brasileiras. O Ipen afirma já há interesse por parte do setor em adquirir a tecnologia. O Instituto prevê o estudo caso a caso do uso do irradiador, calculando custos, viabilidade, condições de instalação e adaptação da técnica. A tecnologia é conveniente para indústrias de todos os portes, após a avaliação dos técnicos. Há a intenção de exportar a tecnologia.
Natália Suzuki
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