Foi lançado, no dia 15 de março, o Centro de Inovação em Saúde Mental (CISM), ligado ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HC).
O Centro foi concebido pelos Departamentos de Psiquiatria e de Medicina Preventiva, da Faculdade de Medicina (FM) e representa uma das maiores iniciativas nacionais na área de saúde mental. Conta, ainda, com a parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Um dos objetivos do novo centro é promover, durante os próximos dez anos, estudos de neurociência de ponta, desenvolver tecnologias de saúde mental digital e implementar intervenções efetivas e escaláveis para transformar e aumentar a acessibilidade a tratamentos de saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS).
O CISM desenvolverá pesquisa na área de neurociência de precisão, cujo objetivo é investigar os fatores genéticos e ambientais que precipitam transtornos mentais, além de buscar soluções digitais em saúde mental e acelerar a descoberta de intervenções mais eficazes na prática clínica e fomentar a formação de recursos humanos na área.
Também pretende aumentar a acessibilidade a tratamentos de saúde mental no Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto será desenvolvido, inicialmente, nas cidades de Indaiatuba e Jaguariúna, no interior do Estado de São Paulo.
O CISM será um dos Centros de Pesquisa em Engenharia/Centros de Pesquisa Aplicada da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e conta com recursos da Fundação, da USP e do Banco Industrial do Brasil.
Autoridades universitárias e representantes do Governo Estadual participaram da cerimônia de lançamento, realizada no Anfiteatro do IPq, dentre eles a diretora da Faculdade de Medicina da USP, Eloisa Silva Dutra Oliveira Bonfá; o secretário Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Vahan Agopyan; e o presidente da FAPESP, Marco Antonio Zago.
O reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior, destacou que a saúde mental tem sido um tema predominante entre a comunidade universitária e “espelha o que tem acontecido na sociedade. Parabenizo a todos os envolvidos no projeto pela escolha desse tema a ser estudado. Não conseguimos resolver nenhum problema, se não tivermos pessoas pensando nisso. A resolução dos problemas tem que unificar esforços e conhecimento. As boas iniciativas em ciência são construídas e a criação de centros são os melhores modelos”, afirmou Carlotti, citando os quatro centros de estudos da USP recém aprovados pelo Conselho Universitário.
O coordenador do CISM e professor do Departamento de Psiquiatria da FM, Eurípedes Constantino Miguel, ressaltou que os dois pilares do projeto envolvem “aliviar o sofrimento dos portadores de doença mental e seus familiares e formar a nova geração de profissionais nessa área dentro do ambiente de pesquisa”.
Miguel explicou que o estudo nas duas cidades começou em 2010 e durou dez anos. Nesse período, 10 mil famílias e 2.500 jovens receberam acompanhamento. Esse trabalho rendeu mais de 590 trabalhos científicos publicados e mais de 100 alunos de Mestrado e Doutorado formados. A proposta, com a criação do CISM, é “criar o melhor coorte de neurociência populacional do mundo”, disse o professor, com a pesquisa junto de até três gerações da família – avós, pais e filhos, estudos mais profundos do cérebro por novas técnicas de neuroimagem e do genoma por sequenciamento, bem como o impacto da covid-19 na saúde mental da população.