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DCI

Instituto cria técnica mais barata para tratar câncer

Publicado em 04 julho 2002

Por Fabiana Pio
Uma nova tecnologia desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) poderá baratear significativamente o tratamento de câncer de próstata no País. Trata-se do desenvolvimento de sementes de iodo-125 utilizadas na braquiterapia, uma das técnicas da radioterapia. O índice de câncer de próstata aumenta a cada ano no mundo. Estima-se que no Brasil ocorram neste ano 20 mil novos casos e cerca de oito mil mortes. Segundo Maria Elisa Rostelato, coordenadora do projeto e chefe do laboratório de produção de fontes para radioterapia do Ipen, a instituição solicitou R$ 1,2 milhão junto à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para construir um laboratório, a fim de produzir as sementes e começar a comercializá-las no mercado. "A Fapesp já aprovou o projeto, falta apenas assinar o contrato. A Fundação já adiantou que irá financiar apenas uma parte. Se tudo correr bem, começaremos a comercializá-la em 2004", diz a pesquisadora. De acordo com Maria Elisa, o Ipen é a única instituição na América Latina que tem condições de produzir essas sementes. Hoje em dia, elas estão disponíveis apenas em alguns países, como Estados Unidos, Inglaterra e Canadá. São utilizadas atualmente cerca de 80 a 120 sementes num implante para o tratamento de câncer de próstata. Cada semente importada custa US$ 36. "Poderemos comercializá-las por US$ 14", diz Elisa. No presente, são encomendadas de 2.500 a três mil sementes por mês, no Brasil. Enquanto o Ipen se prepara para produzir as sementes, ele já está aceitando encomendas para importar o produto do laboratório norte-americano Mentor Corporation, representado pela Rem, no Brasil. Segundo a pesquisadora, o produto importado será vendido por R$ 68. "Temos condições de vender mais barato, pois podemos fazer pedidos em grande quantidade", diz. A braquiterapia consiste em colocar o material radioativo a curta distância do tumor, destruindo as células cancerígenas, sem afetar órgãos e tecidos considerados sadios. No caso da utilização das sementes de iodo-125, elas são colocadas na próstata e deixadas permanentemente no local. As sementes são cápsulas de titânio de 0,8 milímetro de diâmetro externo e 4,5 milímetros de comprimento. No interior da cápsula há um fio de prata de 0,5 milímetro de diâmetro e 3 milímetros de comprimento. Segundo a pesquisadora, essas sementes não apresentam rejeição por serem feitas de titânio, um material biocompatível. Além disso, o iodo tem uma energia de radiação muito baixa, o que permite percorrer um pequeno espaço no organismo, e logo ser absorvido. Além das sementes de iodo-125, a pesquisadora desenvolveu os fios de irídio, também utilizados na braquiterapia. O Ipen produz e comercializa esse produto para os hospitais especializados no tratamento de câncer. Os hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein têm contratos anuais com o instituto. O Ipen é um órgão federal e faz parte da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cenem). TECNOLOGIA NACIONAL PARA TRATAR CÂNCER DE PRÓSTATA Uma nova tecnologia desenvolvida pelo Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) poderá baratear significativamente o tratamento de câncer de próstata: as sementes de iodo-125 utilizadas na braquiterapia, para uso na radioterapia. As sementes importadas equivalentes custam em média US$ 36 cada. "Poderemos comercializá-las por US$ 14", diz Maria Elisa Rostelato, coordenadora do projeto e chefe do laboratório de produção de fontes para radioterapia do Ipen. A instituição solicitou R$ 1,2 milhão da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para instalar um laboratório e começar a produção das sementes. "Se tudo correr bem, começaremos a comercializá-las em 2004", de acordo com a pesquisadora. O Ipen, segundo ela, é a única instituição na América do Sul que tem condições para produzir essas sementes, por enquanto disponíveis apenas em alguns países, como Estados Unidos, Inglaterra e Canadá. Fabiana Pio