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Instituto Butantan testa substância capaz de reduzir tumores (1 notícias)

Publicado em 05 de outubro de 2012

A pesquisa do Instituto Butantan que revela uma substância na saliva do carrapato (Amblyomma cajennense) capaz de reduzir tumores cancerígenos, principalmente melanomas, entrará em fase de testes pré-clínicos nas próximas semanas.

A etapa será realizada em animais e deve comprovar a eficácia da proteína conforme as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com a farmacêutica e coordenadora da pesquisa, Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, os primeiros resultados dessa fase devem aparecer em um ano. "Depois dessa etapa de testes, a próxima fase do estudo será realizada em humanos", explica Chudzinski-Tavassi.

Inicialmente, os pesquisadores buscavam encontrar capacidade anticoagulante na saliva do carrapato, mas perceberam que a proteína também agia diretamente nas células.

O experimento foi então estendido a camundongos que tiveram melanomas (câncer de pele) induzidos, e o resultado surpreendeu os pesquisadores.

"A saliva do carrapato possui substâncias tóxicas para células tumorais, sem oferecer risco para as células saudáveis", ressalta Chudzinski-Tavassi.

Patrocinada, inicialmente, pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisa, iniciada em 2003, hoje é patenteada pela empresa brasileira União Química Indústria Farmacêutica.

O estudo já foi registrado no Instituto de Propriedade Industrial (INPI) devido ao grande potencial terapêutico da molécula. A pesquisa também está protegida pelo Patent Cooperation Teaty (PCT), e a expectativa é de que o medicamento seja totalmente produzido no Brasil.

Câncer no Brasil

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que o câncer de pâncreas representa 2% de todos os tipos, sendo responsável por mais de nove mil novos casos anualmente.

Dos pacientes que contraem a doença, 75% morrem ainda no primeiro ano de tratamento. Cinco anos após a detecção do tumor, a taxa de mortalidade sobe para cerca de 94%.

"Quando você anuncia uma molécula com essa natureza, as pessoas que estão precisando ficam com uma expectativa muito grande, mas é preciso entender que, obrigatoriamente, elas têm que passar por todas essas fases de teste", completa a pesquisadora.

Fonte: Agências