A utilização de um inseticida biológico desenvolvido pelo Centro Experimental do Instituto Biológico em Campinas por agricultores paulistas representou uma economia de R$ 19,4 milhões em pesticidas para o combate da cigarrinha da cana-de-açúcar, atualmente a principal praga dessa cultura. O valor foi economizado pelos produtores de cana em um total de 161,9 mil hectares de área tratada no Estado de São Paulo entre 2002 e 2003. Além da economia, o meio-ambiente também foi favorecido, uma vez que 3,2 mil toneladas de inseticidas químicos deixaram de ser aplicados naquela área. O bioinseticida é feito a partir do fungo Metarhizium anisopliae, que existe naturalmente no ambiente.
Esses resultados estão sendo informados agora à Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou um projeto amplo em sanidade envolvendo controle de insetos, doenças e ervas daninhas que atacam a cana-de-açúcar. Foram investidos R$ 500 mil nesses projetos.
O controle biológico da cigarrinha é um braços desse projeto, que tem ainda participação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) no campus de Araras.
Entre 2002 e 2003, foram produzidas 268 toneladas do inseticida biológico por empresas e usinas de São Paulo, comercializados a R$ 10,00 o quilo, gerando uma receita bruta de R$ 2,6 milhões e 148 empregos diretos. Cada hectare tratado com esse bioinseticida custa R$ 40,00 (contra R$ 120,00 dos inseticidas químicos), conforme o IB.
O coordenador do projeto, Antonio Batista Filho, diretor-geral do Instituto Biológico, explica que a cigarrinha da cana-de-açúcar está se tornando uma praga cada vez pior para esta cultura, na medida em que vai sendo abolida a queima da cana - com as queimadas, as cigarrinhas também morriam.
A Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo estima que a safra agrícola 2003/2004 de cana atingirá 234,1 milhões , volume 2,7% superior ao registrado na safra passada. O avanço de uma praga como a cigarrinha, comenta Batista, pode pôr tudo a perder, já que as plantações atacadas chegam a ter uma quebra de até 60% na produção.
As ninfas das cigarrinhas sugam a raiz da planta e injetam toxinas que fazem com que ela seque. As perfurações também abrem caminho para contaminações por microorganismos.
Notícia
Correio Popular (Campinas, SP)