O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) deu início, em novembro, a um projeto inédito de monitoramento das tempestades que caem sobre a região Sudeste do país, especialmente no Estado de São Paulo, onde foi instalada recentemente uma antena, que fará o rastreamento de descargas elétricas com alcance de 600 quilômetros. A antena compõe um sistema de detecção de raios, que funcionará em conjunto com outras sete antenas que foram instaladas vê Estado de Minas Gerais.
O monitoramento dos raios na região Sudeste é um projeto desenvolvido em parceria entre o Inpe e a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) cujo sistema de localização de tempestades entrou em operação em 1988 nas cidades de Três Marias, Ipatinga, Lavras, Volta Grande, Capitão Enéas e Emborcação. O sistema, de acordo com o coordenador do projeto no Inpe Osmar Pinto Júnior, tem capacidade para medir, em tempo real, a radiação, localização, polaridade e o instante preciso de ocorrência dos raios.
Além de identificar os locais onde a incidência de raios é maior e as suas características, o sistema de detecção de tempestades instalado hoje em Minas Gerais, segundo Pinto Júnior, tem permitido a tomada de decisões operativas e preventivas por parte da Cemig no sistema de transmissão e distribuição de energia do Estado, reduzindo a possibilidade de ocorrência de falhas transitórias ou permanentes em linhas de transmissão. "Com a melhor utilização do sistema elétrico, o Estado também consegue reduzir custos e a necessidade de manutenções corretivas nas redes", comentou.
As sete estações detetoras instaladas no território mineiro, segundo o pesquisador, cobrem 100% do Estado. O sistema vai atuar em conjunto com a antena do Inpe, instalada em Cachoeira Paulista (SP). "Em 1998, o Inpe pretende adquirir mais duas antenas, que devem ser instaladas nos municípios de Atibaia e Bauru, e que poderão fazer a cobertura de todo o Estado de São Paulo, no que diz respeito aos raios que caem na região", comentou. A primeira antena custou US$ 60 mil e foi comprada com recursos da Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Com as informações obtidas pelo Sistema de Detecção de Raios, a Cemig já tem hoje um bom conhecimento sobre o tipo de raio que afeta o Estado e em quais regiões ele é mais freqüente. "Sabe-se por exemplo, que as regiões de máxima densidade de raios ficam localizadas a Oeste de Minas Gerais, a cerca de 300 km de Belo Horizonte e também nas cidades próximas à capital", revelou. Essas regiões, de acordo com o pesquisador do Inpe, chegam a registrar 18 descargas por quilômetro quadrado.
Em apenas um mês, as antenas da Cemig registraram a ocorrência de 500 mil raios em Minas Gerais. "No verão esse número pode atingir cerca de 1 milhão", alerta Pinto Júnior. Embora ainda não se tenha dados precisos sobre a ocorrência de raios no Estado de São Paulo, os pesquisadores afirmam que os pontos de maior incidência de tempestades estão localizados ao Norte do Estado, nos municípios de Ribeirão Preto, Santa Rita do Passa Quatro e São Carlos. O Brasil, de acordo com Pinto Júnior, é considerado recordista mundial em incidência de raios, com aproximadamente 100 milhões deles por ano.
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Gazeta Mercantil