O compromisso com a inovação é o que garante o pleno desenvolvimento econômico de um país. Por isso, é fundamental que os negócios se transformem em um ritmo cada vez mais acelerado, assimilando e incorporando tecnologias com um dinamismo nunca antes imaginado. Caso contrário, não sobreviverão. “Estudos recentes mostram que somente 1% das empresas brasileiras estará pronta para a indústria 4.0, e ainda serão necessários cerca 10 anos de adaptação”, alerta Oswaldo Lahos Maia, gerente de inovação e tecnologia do Senai, um dos maiores complexos de educação profissional e de serviços tecnológicos do mundo. “Se eu fosse empresário, esse dado me preocuparia e muito”. Esse novo ambiente traz desafios, mas também oportunidades. Tanto que diversos polos têm crescido em São Paulo. Por meio de parcerias com universidades e parques tecnológicos, startups e empresas já estabelecidas têm encontrado impulso no interior do estado para botar em prática ideias disruptivas. O ParqTec de São Carlos, a cerca de 240 quilômetros da capital, foi o primeiro Parque Tecnológico a ser implantado, em 1984, e a abrigar uma incubadora de empresas, considerada a mais antiga da América Latina. Desde então, São Paulo não parou mais de investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e se tornou referência em áreas como em TI, biotecnologia e genética – formando um complexo ecossistema de inovação. Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o estado sedia 28 dos 94 Parques Tecnológicos (PqTs) do país. “Fundamentados na transferência de conhecimento, esses espaços promovem a cultura da inovação, da competitividade e da capacitação empresarial”, salienta Gabriel Mario Rodrigues, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).
Para os criativos e entusiastas da tecnologia, outros números também chamam a atenção: em São Paulo, há 31 universidades públicas, sendo 16 municipais, 12 federais e três estaduais; 59 institutos de pesquisa, entre públicos e privados, e, de acordo com a mais recente Pesquisa de Inovação (Pintec) do IBGE, divulgada em 2016, cerca de 15 mil empresas inovadoras e inúmeras fontes de financiamento para a inovação. “As empresas têm encontrado, principalmente no interior paulista, o suporte necessário para desenvolver novos produtos e serviços”, diz Francisco Jardim, sócio- -fundador da SP Ventures, gestora do Fundo Inovação Paulista, idealizado pela Desenvolve SP.
INOVAR PARA SOBREVIVER
Maia ressalta que a maior vantagem das empresas instaladas no estado é a demanda, pois todos os escritórios de grandes grupos e multinacionais estão aqui. “Quem for capaz de criar soluções inovadoras pode passar a atender holdings e suas subsidiárias da noite para o dia”, diz. No entanto, ele observa que as empresas precisam se arriscar mais. Um estudo divulgado no início deste ano pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), em parceria com Senai, mostra que o setor privado ainda investe pouco em inovação no país. “Claro que a sinergia entre governo, academia e empresas precisa melhorar no Brasil, mas é preciso mais iniciativa por parte dos empresários. Na contramão do mundo, metade dos nossos gastos em P&D é público, enquanto nos países desenvolvidos a participação das empresas chega a 80%”, sublinha.
Álvaro Sedlacek, presidente da Desenvolve SP, aponta ainda que, embora exista uma geração de jovens acadêmicos produzindo ciência de altíssimo nível no Brasil, é fundamental levar a ciência das universidades para o mercado. “É preciso conexão entre as duas pontas, ou continuaremos produzindo muita teoria e pouca prática”, diz. Segundo o executivo, assim nasceu o Movimento pela Inovação: “Em um esforço conjunto com as principais instituições brasileiras de apoio ao segmento, como o IPT, Fapesp, IEL, Embrapii, Centro Paula Souza, Senai, Sebrae e Finep, estamos levando informação e consultoria gratuita para acadêmicos e empreendedores transformarem ideias disruptivas em negócios de sucesso”. Em três anos, mais de 1.600 mentes inovadoras receberam atendimento em todo Estado.
A seguir, as oportunidades que sete polos tecnológicos selecionados por especialistas podem oferecer para a sua empresa no interior paulista – e quais os setores mais aquecidos em cada um deles. Afinal, não importa se um empresário atua no comércio, na indústria ou no setor de serviços. Para onde olhar há um concorrente, e a inovação passou a ser um dos poucos diferenciais a que um pequeno ou médio negócio pode recorrer para sobreviver em um mercado cada vez mais competitivo. “Se há risco em inovar em tempos de novas tecnologias, um risco muito maior é o de não inovar”, frisa Fabrício Saad, professor de pós-graduação da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM)