A inovação se tornou palavra de ordem no mundo dos negócios, com destaque semelhante ao ocupado pelos projetos de qualidade implementados na década de 1990. As grandes corporações já incorporaram à sua cultura a necessidade de inovar. As pequenas, no entanto, nem sempre encontram condições de investir em empreitadas do gênero para aprimorar (ou criar) processos e produtos.
``Quando falamos em inovação, também estamos falando em entregar qualidade. Mas atualmente, só qualidade não é suficiente``, afirmou a consultora do escritório paulista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), Evelin Cristina Astolpho. As micro e pequenas empresas, acrescenta a consultora, precisam oferecer algo de novo a fim de conquistar outros clientes e, com isso, se manter no mercado em condições competitivas.
O tema já é tratado de forma mais articulada entre as grandes corporações. Em 2009, sob coordenação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi criado o projeto Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), com meta de dobrar até 2013 o número de empresas inovadoras.
Recursos - As micro e pequenas empresas não devem ficar para trás. Os primeiros meses do ano ainda comportam ajustes no planejamento, com espaço à inclusão do tema inovação na pauta de 2011.
Para a conhecida dificuldade dos empreendimentos desses portes em obter recursos, há alternativas como as oferecidas pelo programa do Sebrae nacional, o Sebraetec (viabilizadas em São Paulo por meio do escritório local da entidade); além de opções da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Ministério da Ciência e Tecnologia; e da Agência de Fomento Paulista-Nossa Caixa, da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
O Sebraetec, com a reestruturação anunciada no final de 2010, acena com R$ 787,5 milhões para contemplar projetos de tecnologia e inovação de micro e pequenas empresas, em todo o País, desde janeiro deste ano.
O programa, reestruturado no final de 2010, prevê cinco frentes de atuação, com recursos específicos. Duas delas, denominadas como sendo de inovação incremental (e direcionadas especificamente à ecoinovação) e inovação de ruptura (algo inédito) serão instituídas por meio de editais a serem lançados neste ano e também por meio de parcerias. A modalidade Indicação Geográfica (para apoiar a denominação de origem de um produto, por exemplo) será operada a partir de 2012 e também requer atenção com a publicação do respectivo edital. Já as duas linhas restantes (tecnologia básica e avançada, direcionada à inovação) não demandam regras de editais.
Atuação pontual - O Sebraetec, explicou Evelin, tem mais de dez anos em São Paulo e já era bastante ativo. O programa, aqui, pode atender a projetos pontuais, mas em 2011 estará mais voltado às iniciativas regionais e às de grupos setoriais. ``É para ganhar escala``, justificou a executiva.
Na prática, o programa atua na empresa para melhorar produtos ou processos, por meio de parcerias com instituições cadastradas, como fundações com direcionamento em ciência, tecnologia e inovação.
O empresário paulista interessado no programa deve procurar um posto do Sebrae da sua região. Se for contemplado pelo programa, poderá obter subsídio de até 80% do serviço de consultoria contratado. Um projeto de cem horas, exemplificou Evelin, teria custo aproximado de R$ 7,5 mil, cabendo à empresa pagar 20% do montante.
O Sebrae-SP pleiteou R$ 10 milhões para implementar o Sebraetec no Estado. A verba da entidade para os demais programas, voltados à gestão de negócios, não está incluída nesse montante, conforme ressalvou Evelin.
Finep oferece opções para MPEs
O micro e pequeno empresário também poderá buscar recursos com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia. ``Trabalhamos com todos os portes de empresa, mas há programas que atendem ao pequeno empresário - alguns deles reembolsáveis``, afirmou o chefe do departamento de acompanhamento de projetos da fundação, Mauricio Alves Syrio.
Ele explicou que, na linha de subvenção nacional (não-reembolsável), 80% da demanda é gerada pelas pequenas empresas, especialmente as envolvidas com projetos de tecnologia da informação (TI). ``São projetos de inovação e os empresários se candidatam via editais``, expliou. É no edital que estará definido o limite máximo de financiamento da linha. O de 2011 ainda será publicado. No ano passado, contou Syrio, o teto foi de R$ 10 milhões.
Os interessados podem acompanhar a publicação dos editais pelo site da instituição (www.finep.gov.br) ou pelo seu endereço no twitter. O documento também define os percentuais de contrapartida da empresa que pleiteia os recursos, conforme o porte do negócio. Em 2010, empreendimentos com faturamento anual menor ou igual a
R$ 2,4 milhões, por exemplo, arcavam com 10% do valor do projeto.
Lançamento - Na modalidade não-reembolsável, a Finep também oferece a Pappe Subvenção, linha operada de forma descentralizada por parcerias estabelecidas em cada estado. ``Ela é mais voltada para desafios de uma região, e o limite de subvenção varia conforme o estado``, explica Syrio.
Ele conta que a Finep está prestes a lançar a Pappe subvenção em São Paulo, por meio de parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com o mesmo perfil, a Pappe Integração atende estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Outra opção de subvenção não-reembolsável é a Primeira Empresa Inovadora (Prime). Segundo Syrio, a ideia não é a de apoiar o projeto, mas estruturar a empresa. São Paulo está entre os 17 estados contemplados com a Prime.
As linhas reembolsáveis da Finep (Programa Inova Brasil e Programa Juro Zero, por exemplo) também são abertas às pequenas empresas, mas, por requererem garantias, nem sempre são acessíveis. A fundação também ajuda na criação de fundos de investimentos e prepara o empreendimento para entrar no mercado.